• Carregando...
Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acena ao chegar na reunião do Congresso, nos EUA | Jason Reed/Reuters
Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acena ao chegar na reunião do Congresso, nos EUA| Foto: Jason Reed/Reuters

O impasse

Discurso de premiê de Israel explicita diferenças com palestinos.

Os assentamentos

Quando

Israel começou a construir os assentamentos após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando conquistou territórios que estavam sob controle de Síria (Golã), Egito (Gaza) e Jordânia(Cisjordânia e Jerusalém Oriental).

Onde

As construções tiveram início na Cisjordânia e na faixa de Gaza poucoapós a guerra.

Quantos

Mais de 120 assentamentos já foram construídos na Cisjordânia, onde hoje vivem cerca de 300 mil colonos judeus e 2,5 milhões de palestinos.

Por que

Os primeiros assentamentos eram parte do plano de segurança israelense. Mas as construções logo foram incorporadas ao projeto ideológico da direita religiosa, que considera a Cisjordânia parte do "Grande Israel" bíblico.

Status legal

A ONU considera os assenta­­mentos ilegais.

A posição de Israel

Rejeita voltar às fronteiras pré-1967, desocupar a totalidade dos assentamentos na Cisjordânia, dividir Jerusalém e a volta dos refugiados; exige que o futuro Estado palestino seja desmilitarizado.

A posição palestina

Exige Estado nas fronteiras pré-1967, o controle sobre a totalidade da Cisjordânia, a instituição de Jerusalém Oriental como sua capital e o retorno de refugiados; rejeita um Estado desmilitarizado.

Folhapress

  • Confira quais são as fronteiras de Israel

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou ontem, em discurso no Congresso dos Estados Unidos, os limites exigidos por Israel para um acordo de paz, en­­quanto sugeriu que o país será "generoso" na cessão de terras aos palestinos.

Netanyahu se manteve firme na defesa da indivisibilidade de Jerusalém, rejeitou o direito de retorno de refugiados palestinos, disse que manterá presença militar na Cisjordânia e que um futuro Estado palestino terá de ser totalmente desmilitarizado.

Ele, contudo, insinuou passos que considera concessões, como a admissão de que Israel terá de sair de alguns assentamentos na Cisjordânia. Disse também que é possível ter "criatividade" com o futuro de Jerusalém, apesar de manter a cidade inteira como ca­­pital israelense.

E ainda afirmou que será "ge­­neroso" com o tamanho do futuro Estado palestino, ainda que não ceda terras consideradas estratégicas para sua segurança em Je­­rusalém Oriental. "Teremos que ser firmes sobre onde colocar as fronteiras."

"Estou disposto a fa­­zer concessões dolorosas. Reco­­nhe­­ço que, para uma paz genuína, será exigido que desistamos de partes da terra ancestral judaica", disse.

Netanyahu afirmou que pensar nas fronteiras de 1967 (antes da Guerra dos Seis Dias) é inaceitável, mas deu a entender que pode aceitar o princípio de trocas de terras mutuamente acordadas entre os dois lados, defendido pelo presidente Barack Obama na semana passada.

O premiê praticamente eliminou a chance de negociações significativas, pois rejeitou diálogo com um governo palestino do qual o grupo radical Hamas faça parte. O Hamas, que controla a faixa de Gaza, fechou em abril acordo de união com o laico Fa­­tah, da Cisjordânia.

O premiê falou sobre o Irã e in­­sistiu em que o regime dos aiatolás só interrompeu seu programa nuclear uma vez e por medo de ação militar. "Quanto mais o Irã crer que todas as opções estão so­­bre a mesa, menor a chance de confronto", disse. A segurança que demonstrou em sua fala reflete o apoio que tem entre congressistas americanos, que pouco antes de entrarem em campanha pela reeleição cortejam o eleitorado judaico-americano.

Mas o discurso foi recebido com indignação pelos palestinos. Para Nabil Shaat, um dos principais dirigentes do Fatah, foi uma "declaração de guerra".

"Nada podemos fazer a não ser continuar nossa luta na arena in­­ternacional", disse Shaat, em relação ao plano da Autoridade Nacio­­nal Palestina de declarar seu Esta­­do na ONU, em setembro.

Em Israel a ausência de novidades foi o que mais chamou a atenção, depois de o gabinete do premiê ter criado uma expectativa nos últimos dias de que o discurso traria surpresas.

A oposição condenou a falta de um plano para romper o impasse pouco antes de um esperado conflito internacional na ONU em se­­tembro. E a direita, alicerce da coalizão de governo de Netanya­­hu, criticou a sugestão de que as­­sentamentos ficarão fora das fronteiras israelenses.

* * *

Para Netanyahu, as concessões de terras serão "dolorosas"

No discurso feito ontem ao Con­­gresso americano, o premiê israelense Benjamin Netanyahu afirmou que a busca da paz com os palestinos irá exigir a entrega "de terras bíblicas queridas para os judeus".

"Estou disposto a fazer as do­­lorosas concessões para atingir essa paz histórica. Como líder de Is­­rael, é minha responsabilidade", disse o primeiro-ministro. "Não é fácil para mim. Isso não é fácil, porque eu reconheço que a verdadeira paz necessitará da entrega de partes da terra natal ancestral dos judeus", disse, referindo-se ao território invadido na Cisjor­­dânia.

Contudo, o premiê afirmou que não concordará com nenhum acordo que ameace a segurança ou a identidade de seu país como um "Estado judeu".

Hamas

Referindo-se ao Hamas (o grupo extremista que governa a Faixa de Gaza), o premiê disse que Israel não negociará com "terroristas".

Ele pediu ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que desfaça o acordo firmado com o Ha­­mas para a divisão de poder na Palestina.

Netanyahu também disse que Israel não precisa da ajuda dos EUA para manter a estabilidade na região.

"Nós não precisamos que vo­­cês exportem a democracia para nós, já a adotamos. Nem precisamos que enviem tropas para Is­­rael, nos já nos defendemos. Vo­­cês [Estados Unidos] têm sido ge­­nerosos em nos dar as ferramentas para que Israel se defenda so­­zinho", disse.

Em discurso sobre o Oriente Médio nesta semana, o presidente americano Barack Obama havia afirmado que um acordo de paz entre israelenses e palestinos deveria ser firmado nas bases das fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]