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O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, sobreviveu nesta quinta-feira a um voto de desconfiança propondo renunciar assim que o pior da crise nuclear tenha passado, um esforço de última hora bem sucedido que esfriou uma revolta fervilhante em seu partido.

A oferta de renúncia de Kan, provavelmente em meados do segundo semestre, lhe dá tempo para preparar um orçamento adicional para custear a reconstrução do terremoto seguido de tsunami de 11 de março, mas é pouco para solucionar a paralisia política duradoura do país.

Graças à manobra de Kan, a moção de desconfiança no Parlamento - conduzida pela oposição pela maneira como ele lidou com a maior crise do Japão desde a Segunda Guerra Mundial - foi derrotada facilmente por 293 a 152 votos.

Ainda assim, enfraquecido por cisões em seu próprio partido, Kan pode ser visto como um governante com poderes limitados pelos opositores e ter pouca sorte com as reformas tributária e social, que o Japão necessita urgentemente para conter seu déficit crescente e que exigem apoio da oposição em um Parlamento dividido.

Uma autoridade de alto escalão do maior partido oposicionista, o Partido Liberal Democrático, deixou claro não ter intenção de facilitar as coisas para o governista Partido Democrata, apesar da oferta de Kan.

"Planejamos seguir em frente mas mantendo a crença de que a continuidade do governo Kan não é boa para o país ou o povo", disse o secretário-geral, Nobuteru Ishihara, aos repórteres.

Ele reafirmou a posição de seu partido - a de que bloqueará um projeto de lei necessário para financiar 44 por cento do orçamento de 1 trilhão de dólares do atual ano fiscal a menos que os Democratas descartem suas promessas de gastos.

Kan, que assumiu quase exatamente um ano atrás como quinto premiê em igual período, luta para conter a crise radioativa da usina de Fukushima, desencadeada pelas catástrofes naturais de março.

Ele também precisa criar um plano para pagar a reconstrução da região nordeste, atingida pelos eventos, sem permitir que a dívida, já o dobro da economia de 5 trilhões de dólares, saia do controle.

A maioria das agências de avaliação de crédito alertaram o Japão nas últimas semanas que o país sofre o risco de ser rebaixado se um impasse político tornar impossível tratar os males da nação: estagnação econômica, dívida e custos sociais crescentes em uma população que envelhece e encolhe rapidamente.

Os mercados financeiros ficaram aliviados que um vácuo político tenha sido evitado no momento em que o Japão ainda luta para conter a pior crise nuclear desde Chernobyl e para sair de suas segunda recessão em menos de três anos.

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