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O primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, voltou a negar, energicamente, seu envolvimento no escândalo Clearstream. O jornal "Le Monde" publicou nesta quarta-feira trechos de um documento provando que Villepin sabia mais do que havia admitido a respeito de um suposto esquema para manchar a imagem do ministro francês do Interior, Nicolas Sarkozy, rival do premier na disputa pela Presidência da França.

"O primeiro-ministro denuncia com vigor a renovada exploração, realizada pelo jornal 'Le Monde', de comentários truncados, confusos e de interpretações", afirmou o gabinete de Villepin em um comunicado. "Ele exige que a verdade seja estabelecida e que cheguem ao fim as mentiras e as calúnias".

O caso Clearstream começou com acusações anônimas, surgidas em 2004, de que Sarkozy e outros políticos tinham contas em uma instituição bancária de Luxemburgo ligada com o pagamento de propina durante a venda de fragatas francesas para Taiwan, em 1994. A lista de contas era falsa, mas a investigação continuou, levando Sarkozy e outros a fazer acusações de que tudo não passava de um plano para prejudicá-los.

Os juízes encarregados de investigar o suposto plano já interrogaram uma importante autoridade de serviços de inteligência a respeito dele e apreenderam notas feitas em um encontro de 9 de janeiro de 2004 com Villepin, encontro no qual as acusações de irregularidades teriam sido discutidas.

O jornal "Le Monde", que publicou a maior parte da transcrição do interrogatório do general Philippe Rondot na Internet, disse que a versão dos fatos apresentada pelo premiê não resistia a uma análise mais detalhada.

Na sexta-feira, Villepin divulgou um comunicado negando categoricamente ter pedido a Rondot que investigasse Sarkozy ou qualquer outro político.

O jornal contestou essa afirmativa.

"Ao ler as notas do general - escritas por ele dois anos atrás, quando não imaginava que elas poderiam um dia ser apreendidas por autoridades do poder Judiciário -, fica claro que o senhor Sarkozy foi objeto de grande parte da conversa (entre Rondot e Villepin)".

"As notas, apreendidas durante uma operação de busca, deixam claro que, naquela data, o senhor Villepin foi informado sobre a presença de políticos na lista de Clearstream".

Políticos da oposição apelidaram o caso de o "Watergate francês", uma referência ao escândalo que acabou levando o presidente norte-americano Richard Nixon à renúncia, em 1974.

O presidente francês, Jaques Chirac, vê-se novamente sob pressão para depôr Villepin, cujo índice de aprovação de 20% está apenas dois pontos percentuais acima do menor patamar de apoio registrado para alguém no mesmo cargo. Se não sair, o premiê corre o risco de ficar mais 12 meses no poder incapacitado de realizar reformas e perseguido por seus adversários políticos.

Villepin descartou a possibilidade de renunciar.

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