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Cerca de mil manifestantes bloquearam a entrada da sede do governo ucraniano em protesto à decisão do governo de não assinar acordo com a União Europeia | Fotos: Vasily Fedosenko/Reuters
Cerca de mil manifestantes bloquearam a entrada da sede do governo ucraniano em protesto à decisão do governo de não assinar acordo com a União Europeia| Foto: Fotos: Vasily Fedosenko/Reuters

Repercussão

Para presidente russo, manifestações tentam abalar governo legítimo

O presidente russo, Vladimir Putin, disse ontem que os protestos na Ucrânia foram uma tentativa de abalar os governantes legítimos do país. Os ucranianos protestam contra a decisão do presidente Viktor Yanukovich de recusar um acordo para entrar na União Europeia. Ao mesmo tempo, o país se aproximou da Rússia.

"Isso me lembra mais um pogrom [termo russo usado para definir atos de violência em massa] do que uma revolução", disse Putin a jornalistas em uma visita a Armênia. Yanukovich confirmou que fará uma visita de Estado à China hoje. A viagem deve durar quatro dias.

"Isso não é uma revolução, mas um protesto muito bem preparado que, na minha opinião, não estava preparado para hoje, mas ... para a campanha eleitoral presidencial [da Ucrânia] em março de 2015", disse Putin. "Esta é uma tentativa de abalar os atuais e – quero enfatizar – legítimas autoridades no país", acrescentou.

Para Putin, ao que tudo indica os manifestantes eram "grupos militantes muito bem preparados e treinados", dando a entender que atores externos tinham sido envolvidos no treinamento dos manifestantes, a mesma acusação que ele fez contra os participantes da "Revolução Laranja" da Ucrânia que anulou uma eleição fraudada há nove anos.

Folhapress

  • Lixeiras e contêineres foram usados para bloquear passagem

O primeiro-ministro da Ucrâ­­nia, Nikolai Azarov, afirmou ontem que a situa­­ção do país em função dos protestos dos opositores em Kiev está "fora de controle". Cerca de mil manifestantes bloquearam a entrada da sede do governo em protesto contra a decisão do presidente Viktor Yanukovich de recusar um acordo para entrar na União Europeia."O governo tem informação de que está sendo preparado um ataque ao edifício do Parlamento", disse Azarov em reunião realizada ontem em Kiev com embaixadores da União Europeia (UE), Estados Unidos e Canadá. "Agora a situação mudou. Por um lado, não tiramos a responsabilidade das forças de segurança, mas por outro, os políticos que se somaram a estas ações radicalizaram a situação", disse.

O premiê afirmou, além disso, que as ações de protesto passaram a ser "grandes e descontroladas", "ou mais bem dirigidas desde determinadas forças políticas". Neste contexto, Azarov acrescentou que "estas forças políticas têm a ilusão de que podem reverter a ordem estabelecida".

"Isto tem todos os sinais de um golpe de Estado. Isso é muito grave. Nós mostramos paciência, mas quisemos que nossos parceiros não sentissem que há permissividade", acrescentou. O primeiro-ministro não hesitou em dizer aos embaixadores que os manifestantes "para criar essas ilusões, empregam métodos totalmente ilegais: dirigem o povo a atacar os edifícios oficiais, a bloquear o trabalho das instituições e dão ultimatos. Esse caminho não leva a lugar algum".

Bloqueio

O bloqueio à sede do governo aconteceu quatro dias após a recusa ao acordo com a União Europeia, em um evento na Lituânia, depois de forte pressão da Rússia. Desde então, os manifestantes a favor da integração ocupam as ruas de Kiev, em ação que terminou com confrontos violentos e mais de 200 feridos no último domingo.

Os manifestantes usaram lixeiras, contêineres de metal e até jarros de flores para bloquear o acesso ao prédio e impedir a entrada do primeiro-ministro Mykola Azarov, cuja renúncia é pedida pelos opositores.

Sem negociação

O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, telefonou ontem para a Comissão Europeia a fim de discutir o impasse sobre o acordo comercial que seu país rejeitou. Ele recebeu a informação de que a União Europeia não vai renegociar o pacto. Em comunicado, o executivo da UE disse que Yanukovich telefonou para José Manuel Barroso para conversar sobre o acordo que o líder ucraniano se recusou a assinar na última sexta-feira, durante uma cúpula realizada na Lituânia. A conversa, que durou meia hora, foi descrita como "moderada" por uma pessoa com conhecimento do caso. "A Comissão Europeia está pronta para discutir aspectos da implementação relacionados aos acordos já rubricados, mas não para reabrir qualquer tipo de negociações", informou a UE em seu comunicado. A duas partes passaram anos negociado o acordo, que havia sido rubricado em março de 2012.

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