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O primeiro-ministro da Hungria, Ferenc Gyurcsany, desafiou nesta terça-feira a pressão da oposição para que renuncie devido aos protestos contra o governo que deixaram ao menos 150 feridos e que ele classificou de "a noite mais longa e escura da república".

Segundo o porta-voz do governo Boglar Laszlo, o premier não vai renunciar, ao contrário do que foi divulgado por uma agência de notícias.

Os piores conflitos na Hungria desde o fim do comunismo começaram depois da divulgação de uma fita, no domingo, em que Gyurcsany afirma que ele e seu Partido Socialista mentiram durante quatro anos sobre o Orçamento do país para ganhar a eleição de abril.

Milhares de pessoas tomaram as ruas da capital, Budapeste, na noite de segunda-feira, atacando o prédio da televisão estatal. Os conflitos deixaram 150 feridos, entre policiais e manifestantes.

Aumentos de impostos e cobrança de taxas no serviço de saúde e universidades já haviam provocado protestos antes da divulgação da fita. Nesta terça-feira, cerca de 500 manifestantes antigoverno começaram um novo protesto na frente do Parlamento. A presença da polícia era pequena.

Os protestos acontecem duas semanas antes das eleições locais e depois da queda da popularidade do Partido Socialista nas pesquisas eleitorais - de 40% para 25%.

A manifestação de segunda-feira, com cerca de 10 mil pessoas na frente do Parlamento, ficou violenta quando alguns manifestantes jogaram pedras e atearam fogo no prédio da televisão estatal. Alguns invadiram e saquearam o local.

O partido Fidesz, o principal da oposição, exortou o primeiro-ministro a renunciar diante do que chamou de "crise moral".

Investidores

Mas Gyurcsany, que enfrenta seu maior desafio em dois anos no cargo, recebeu apoio do Partido Socialista para implementar suas políticas econômicas.

- O trabalho das instituições da república agora é fortalecer a fé das pessoas no restabelecimento da calma - disse Gyurcsany em tom de desafio nesta terça-feira.

Gyurcsany mantém também o apoio de seu parceiro de coalizão, a aliança de Democratas Livres.

O primeiro-ministro ganhou a eleição de abril em parte devido à promessa de cortar impostos, mas desde então ele decretou aumentos e cortes de benefícios no valor de US$ 4,6 bilhões somente em 2007, a fim de diminuir o déficit do Orçamento da Hungria, que vai crescer para 10,1% do produto interno bruto neste ano.

Investidores que mantêm bilhões de dólares em títulos húngaros estão preocupados com a possibilidade de saída de Gyurcsany, ou abandono de suas políticas econômicas, que muitos especialistas consideram a única saída para o resgate das combalidas finanças do país.

Os mercados financeiros continuam preocupados com a possibilidade de mais protestos que possam levar o governo a abandonar partes das medidas fiscais austeras.

A agência Standard & Poor's disse que o índice de crédito da Hungria BBB-plus, com direção negativa, não está sob pressão iminente devido aos protestos.

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