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O primeiro-ministro da Somália, Ali Mohamad Gedi, entrou em Mogadíscio num comboio armado nesta sexta-feira, um dia depois de suas tropas, com apoio da Etiópia, retirarem os rivais islâmicos da cidade que haviam dominado por seis meses.

A chegada de Gedi num comboio de 22 veículos, incluindo seis picapes fortemente armadas, coroou simbolicamente a reviravolta dramática no país após a intervenção do exército e da força aérea etíopes.

Multidões saíram às ruas enquanto o premier do governo interino, que tem apoio do Ocidente, passava pela capital onde os islâmicos haviam combatido o caos criminal e político com a imposição da dura lei sharia.

Gedi dirigiu-se ao aeroporto internacional de Mogadíscio antes de visitar o porto marítimo da cidade, no qual soldados do governo somali montavam guarda. Seis caminhões militares etíopes foram posicionados na área portuária.

Mais cedo, tropas da Somália e de sua aliada Etiópia assumiram o controle do antigo prédio da embaixada dos Estados Unidos, no oeste de Mogadíscio, aumentando seu comando sobre a capital.

Com a diminuição dos tiroteios esporádicos ouvidos nos dias anteriores, os moradores começaram a sair de suas casas e não há mais registros dos saques generalizados da quinta-feira.

- As tropas etíopes e os soldados do governo se instalaram no complexo da ex-embaixada dos Estados Unidos. Dá para ver mais de 30 caminhões militares feitos na Rússia - disse Abdi Hasan, um dos centenas de moradores que se aglomeraram do lado de fora da ex-missão americana.

O complexo da embaixada, situado num bairro da zona oeste da cidade costeira, foi abandonado há mais de uma década depois que as forças dos EUA fizeram uma retirada humilhante da Somália após a missão retratada no filme "Falcão Negro em perigo".

As forças do governo tomaram controle efetivo de Mogadíscio na quinta-feira, após dez dias de ofensiva junto com aliados etíopes para recuperar boa parte do território ocupado desde junho pelo Conselho dos Tribunais Islâmicos da Somália (SICC, na sigla em inglês).

Gedi, cujo governo interino ficou confinado à sua sede na cidade de Baidoa até duas semanas atrás, disse que o parlamento deve votar a decretação da lei marcial para manter controle de um país que não tem um governo central efetivo desde a derrubada de um ditador em 1991.

Tropas etíopes e ataques aéreos foram críticos para o ataque do governo, afirmaram especialistas, e ainda há algumas questões sobre o que acontecerá quando Adis Abeba finalmente retirar suas tropas.

Com a Eritréia acusada de apoiar os islâmicos, muitos temem que o conflito possa englobar toda a região, conhecida como Chifre da África. A Etiópia, assim como os Estados Unidos, diz que os islâmicos têm apoio da Al-Qaeda.

Na quinta-feira, Gedi fez um retorno triunfal a seu vilarejo natal, próximo a Mogadíscio, aonde ele não ia desde 2002. Ele admitiu que o país caótico está longe da estabilidade.

Gedi disse aos repórteres em Mundul Sharey, que fica cerca de 40 km a sudoeste de Mogadíscio, que o parlamento votará neste sábado para declarar a lei marcial por três meses.

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