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O primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, disse hoje que a ordem foi restaurada, após um violento confronto entre forças de segurança e manifestantes contrários ao governo nesta semana. Ele advertiu, porém, que o país enfrenta ainda "grandes desafios".

Abhisit declarou vitória em sua campanha para garantir a segurança de Bangcoc. As forças de segurança encerraram os protestos dos chamados Camisas Vermelhas, mas antes houve dezenas de incêndios e confrontos, até os líderes do movimento se renderem, na quarta-feira. "Este é um dos piores episódios que a Tailândia já enfrentou", afirmou Abhisit, em rede de televisão.

"Nós continuaremos a rapidamente restaurar a normalidade e reconhecemos que, conforme avançamos, há grandes desafios pela frente, particularmente o de superar as divisões que ocorreram neste país."

Ele lamentou as baixas durante a ofensiva. No total, 15 pessoas morreram nos protestos desta semana. Mas defendeu a atuação das autoridades. "A operação estava amparada pela lei e de acordo com a prática internacional", avaliou. Abhisit acrescentou que haverá uma investigação independente dos incidentes. Há denúncias sobre supostos abusos, como durante um tiroteio em uma "zona de segurança" em um templo, onde seis corpos foram encontrados.

Reconciliação

O premier resiste à pressão dos Camisas Vermelhas para convocar novas eleições. Os oposicionistas afirmam que o governo é ilegítimo, por ter sido apontado pelo Congresso e não eleito. "Nós estamos vivendo na mesma casa", disse o primeiro-ministro. "Eu convido todos vocês para se unirem ao processo de reconciliação."

A Tailândia está dividida entre os Camisas Vermelhas, em sua maioria das áreas rurais e urbanas pobres, que exigem a queda do governo, e os Camisas Amarelas, que representam as elites nacionais.

Os Camisas Vermelhas, em geral, apoiam o ex-premier Thaksin Shinawatra, deposto em um golpe militar em 2006. O bilionário é acusado de abusos e corrupção e vive exilado, mas ainda é bastante popular. Aliados de Thaksin foram eleitos posteriormente, mas terminaram depostos em uma controversa decisão judicial. Com isso, Abhisit foi apontado em 2008 com o apoio do Exército, em uma votação parlamentar.

No centro de Bangcoc, há uma grande operação de limpeza, após 36 grandes edifícios terem sido incendiados, entre eles o da Bolsa de Valores e o maior shopping do país. Funcionários da prefeitura da capital usavam tratores para retirar o entulho após dois meses de protestos. O jornal local "Nation" estimou que os estragos na capital são estimados em até US$ 1,2 bilhão.

Divisões

A Tailândia tem um histórico de vários conflitos internos. Analistas comentam, porém, que este mais recente, iniciado no meio de março, que deixou 85 mortos e 1.900 feridos no total, pode ser difícil de superar. "Ninguém sabe quanto tempo levará para acabar com as profundas divisões que se abriram entre as famílias e a sociedade tailandesas", avaliou o diário "Bangkok Post", em editorial.

Bangcoc e 23 outras províncias no norte rural do país - a base dos Camisas Vermelhas - estão sob toque de recolher até domingo, para tentar conter o conflito e evitar que ele se dissemine pelo restante do país.

O turismo, bastante importante para a Tailândia, está sofrendo com a crise interna. O ministro das Finanças disse que as imagens do caos nas ruas que ecoaram pelo mundo devem ter um impacto "desastroso" sobre esse setor.

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