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Os especialistas dizem que raramente um político vence tão logo chegar ao poder e sem um feito importante na política externa relacionado a ele | reuters
Os especialistas dizem que raramente um político vence tão logo chegar ao poder e sem um feito importante na política externa relacionado a ele| Foto: reuters

Barack Obama não é o primeiro laureado pelo Nobel a obtê-lo por aumentar as esperanças de um mundo melhor, e não por já ter conquistado a paz. Os especialistas dizem, no entanto, que raramente um político vence tão logo chegar ao poder e sem um feito importante na política externa relacionado a ele.

"O Comitê do Nobel quer que o prêmio tenha impacto e ele certamente pode ter com Obama, embora seja prematuro em muitas formas," disse Kristian Berg Karpviken, diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz (Prio), de Oslo.

"Não vejo outro Nobel tão ousado como este - concedê-lo a alguém que está apenas no início e ainda está por ter um impacto significativo", afirmou ele.

O longo processo de escolha do laureado pelo Comitê do Nobel significou que Obama teve de ser indicado para o prêmio no início de fevereiro, apenas alguns dias depois de ser jurado presidente dos EUA.

Em seu comentário, o Comitê do Nobel afirmou: "Apenas muito raramente uma pessoa captou a atenção do mundo na mesma extensão que Obama e deu a seu povo a esperança de um futuro melhor."

O presidente do Comitê do Nobel, Thorbjoern Jagland, afirmou que o que Obama já realizou desde que substituiu o presidente George W. Bush - incluindo a tentativa de desarmamento nuclear e a criação de "um novo clima na política internacional" - faz dele um vencedor digno de mérito.

Nem todos, no entanto, concordam. Mesmo na Noruega, que considera o Prêmio Nobel da Paz como a sua voz mais atuante na cena global.

Siv Jensen, líder do principal partido de oposição na Noruega, afirmou: "No ano que ele está como presidente, ele não realizou coisas concretas na ação pela paz. Quero dizer, esse deveria ser o critério para conceder o prêmio da paz, não as expectativas."

Jagland comparou o prêmio de Obama à premiação em 1990 do ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev e em 1971 do então chanceler alemão Willy Brandt.

Gorbachev, porém, venceu um ano após a queda do Muro de Berlim - o principal símbolo do final da Guerra Fria --, embora a União Soviética ainda não tivesse desintegrado. E Brandt, premiado por abrir-se para o Leste, era chanceler desde 1969.

Com frequência os prêmios Nobel são dados como premiação pelas realizações de uma vida para os promotores da paz, como o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, laureado em 2002, e a ex-presidente finlandesa Martti Ahtisaari, premiada em 2008.

Alguns associaram o prêmio a Obama ao de 1978, compartilhado pelo presidente egípcio Mohammad Anwar Al-Sadat e pelo premiê israelense Menachem Begin, que negociaram a paz entre seus países que, à época, ofereceram esperança para a segurança em todo o Oriente Médio. Essa paz ainda permanece por ser conquistada.

Outra premiação baseada na esperança de realizações, não em conquistas já alcançadas, e que produziu pouco impacto foi a de 1976 para Betty Williams e Mairead Corrigan, co-fundadoras do Peace People, que em vão buscaram uma reconciliação na Irlanda do Norte.

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