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Laurent Gbagbo e sua mulher, Simone, após a prisão por forças leais ao presidente eleito, Alassane Ouattara: fim de quatro meses de conflito armado | AFP
Laurent Gbagbo e sua mulher, Simone, após a prisão por forças leais ao presidente eleito, Alassane Ouattara: fim de quatro meses de conflito armado| Foto: AFP

Novo presidente terá de fazer governo de união nacional

Para o diretor do programa de estudos africanos da Chatham House, Alex Vines, a prisão do presidente Laurent Gbagbo é positiva. Mas o princípio de guerra civil dificultou uma missão já complicada de unificar uma nação com divisões mais profundas.

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Luta pelo poder

Combates na Costa do Marfim começaram há quatro meses, logo após a eleição presidencial.

2 de dezembro de 2010 – A Comissão Eleitoral declara o oposicionista Alassane Ouattara vencedor das eleições, com 54,1% dos votos contra 45,9% do presidente Laurent Gbagbo.

3 de dezembro – A Corte Constitucional do país declara Gbagbo vencedor.

16 de dezembro – Defensores de Gbagbo e Ouattara entram em combate pelo poder.

18 de dezembro – A ONU rejeita o pleito de Gbagbo pela Presidência e a comunidade internacional reconhece Ouattara como novo presidente.

Fevereiro de 2011 – Forças da ONU começam a atuar no país para impedir o massacre de civis.

4 de abril – Forças de Ouattara entram em Abidjã, maior cidade do país e considerada reduto de Gbagbo.

11 de abril – Com apoio das Nações Unidas e da França, soldados de Ouattara prendem Gbagbo em sua casa.

Com apoio da França, forças leais ao presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, prenderam ontem o rival Laurent Gbag­­bo, pondo fim a quatro meses de impasse político e 12 dias de conflito direto em Abidjã, maior cidade do país do oeste da África.

A prisão aconteceu horas de­­pois de novo ataque de helicópteros franceses à residência oficial do presidente, onde Gbagbo (pronuncia-se "bagbô’’) ficou entrincheirado em um bunker durante sete dias.

Após a ação aérea, que ocorreu na madrugada, cerca de 30 blindados franceses cercaram a casa. Segundo um porta-voz de Gbag­­bo, ele se entregou aos franceses sem oferecer resistência.

O Exército francês, porém, ne­­gou ter invadido a residência presidencial e disse que a prisão foi levada a cabo pelas forças de Ouat­­tara (pronuncia-se "uatarrᒒ), com o auxílio da França e da ONU.

Um dos homens de Ouattara dis­­se que havia minas por toda a casa e que as primeiras palavras do ditador ao ser detido foram "não me matem!". A tevê mostrou imagens de Gbagbo já preso, ao lado da sua mu­­lher, Simone, e transferido pa­­ra o hotel que serviu de base ao rival no conflito.

Mais tarde, tanto o líder derrubado quanto o presidente eleito fariam novas aparições televisivas – o primeiro, brevemente, para pedir que o conflito cessasse.

Em discurso, Ouattara prometeu levar Gbagbo à Justiça, disse que instituiria uma comissão pa­­ra investigar atrocidades contra civis durante o confronto e pediu às milícias que depusessem as ar­­mas. "Nosso país acaba de virar uma página dolorosa de sua história’’, declarou ele.

Mortes no conflito

O impasse na Costa do Marfim co­­meçou no final de novembro, quando Gbagbo, no poder desde 2000 – cinco anos além do seu mandato, que terminara em 2005 – se recusou a entregar seu cargo a Ouattara, cuja vitória eleitoral foi reconhecida pela ONU e pela União Africana.

Uma das razões para Gbagbo se aferrar ao poder, segundo críticos do regime, era a tentativa de evitar um processo no Tribunal Penal Internacional, que julga crimes contra a humanidade.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos estima que, antes dos últimos choques em Abidjã, pelo menos 400 pessoas tenham morrido na capital co­­mercial marfinense como consequência do conflito – mas os nú­­meros finais devem ficar bem aci­­ma disso. Cerca de 1 milhão de pes­­soas tiveram de deixar suas casas.

Para analistas políticos, o primeiro desafio do novo governo agora será unir o país. Eleito em dezembro com 54% dos votos, contra 45% de Gbagbo, Ouattara, ex-economista do Fundo Mone­­tário Internacional (FMI), é tido co­­mo um técnico competente, mas sem experiência política.

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