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Hongwei Meng, presidente da Interpol, durante congresso da entidade em 2017 | ROSLAN RAHMAN/AFP
Hongwei Meng, presidente da Interpol, durante congresso da entidade em 2017| Foto: ROSLAN RAHMAN/AFP

Autoridades francesas abriram uma investigação do desaparecimento do presidente da Interpol, o chinês Hongwei Meng. Um funcionário da Justiça francesa disse nesta sexta-feira que o executivo foi dado como desaparecido depois de viajar para a China, país onde nasceu. 

O funcionário falou sob a condição de anonimato, por não ter autorização para comentar uma investigação em andamento. Segundo a fonte, a mulher de Meng disse que não tem notícias do marido desde o fim de setembro, quando ele viajou de Lyon, na França, onde fica a sede da Interpol, para a China. Meng chegou à China depois disso, mas não houve notícias suas desde então. 

Ainda não se sabe o motivo pelo qual a mulher de Meng esperou até agora para relatar seu desaparecimento. 

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Meng tem 64 anos e foi eleito presidente da organização em 2016, para um mandato que vai até 2020. Ele ocupou diversos cargos dentro do establishment de segurança na China e foi vice-ministro de segurança pública. Como presidente da Interpol, ele lidera o comitê executivo da organização. A administração cotidiana é realizada pelo secretário-geral, Jurgen Stock.

A Interpol emitiu um comunicado, afirmando estar ciente do caso, mas sem fornecer detalhes. "Essa é uma questão para as autoridades competentes da França e da China", disse o texto. Segundo fontes próximas às investigações ouvidas pela agência AFP, Meng foi visto pela última vez deixando a sede da Interpol na cidade francesa. Sua saída do país foi registrada e,29 de setembro. 

Campanha anticorrupção pode ter pego Meng 

As circunstâncias do desaparecimento levantaram a possibilidade de ele ter caído na malha da campanha anticorrupção da China, na qual milhares de autoridades e executivos desaparecem repentinamente antes de reaparecerem, meses depois, enfrentando acusações do governo. 

O jornal South China Morning Post, de Hong Kong, citou uma fonte anônima segundo a qual Meng teria sido levado pelo Partido Comunista Chinês para ser questionado por "autoridades disciplinares". O termo geralmente descreve investigadores do partido que averiguam corrupção e deslealdade política. Segundo o jornal, Meng teria sido colocado sob investigação assim que chegou à China,

A Comissão Central de Inspeção Disciplinar, a agência secreta de investigação interna do Partido Comunista, não divulgou em seu site qualquer informação sobre Meng e não pôde ser contatada para comentar o assunto.

Isto seria uma reviravolta para Meng, que foi eleito para chefiar a Interpol há dois anos, no exato momento em que a China buscava ajuda internacional para prender funcionários corruptos. 

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Nos últimos anos, a China submeteu à Interpol listas extensas de alvos de repatriação e "avisos vermelhos" - um alerta internacional para uma pessoa procurada - pelo que ela diz serem fugitivos corruptos. 

No momento de sua nomeação, grupos de direitos humanos expressaram preocupação com a opacidade do sistema legal da China e advertiram que Pequim poderia usar sua influência na Interpol para deter dissidentes políticos. 

Na gestão de Meng, a China apresentou "avisos vermelhos" para executivos e figuras dissidentes, como o alemão Dolkun Isa, o chefe do Congresso Mundial Uigur, com sede em Munique, que representa a minoria uighur no extremo oeste da China. A China classificou Isa como terrorista, mas não forneceu provas. 

No ano passado, a China também solicitou vários avisos da Interpol em busca da prisão de Guo Wengui, um bilionário dissidente que fugiu para Nova York alegando possuir segredos explosivos sobre a liderança do Partido Comunista.

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