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A assembléia constituinte que vai se reunir este ano para modificar a Constituição do Equador deveria dissolver o Congresso, para evitar obstáculos à aprovação das reformas por parte da oposição, disse neste sábado (23) o presidente Rafael Correa.

A declaração surpreendente do líder nacionalista marcou uma virada diante de pronunciamentos anteriores do presidente, nos quais ele defendeu a coexistência dos dois organismos enquanto se completa o processo de reforma constitucional, para proteger o ordenamento democrático.

"Com um Congresso dessa qualidade, com a venda de deputados..., acredito que a assembléia terá que dissolver o Congresso. Com um Congresso dessa categoria não será possível fazer nada", disse Correa, que assumiu a presidência em janeiro com a promessa de promover uma revolução socialista no instável país andino.

A dissolução do Congresso de cem membros poderia incentivar as críticas da oposição no sentido de que Correa, um dos presidentes mais populares da América Latina, pretende implementar um plano político estatizante e concentrador.

Os equatorianos foram às urnas em 30 de setembro para eleger os 130 membros da assembléia, que terá amplos poderes para modificar a Constituição e o aparelho institucional de um país que, desde 1997, viu três presidentes caírem em meio a revoltas.

Correa, seguidor do presidente venezuelano Hugo Chávez, acredita que vai conseguir a maioria da assembléia para levar adiante sua proposta de reduzir o poder dos partidos hegemônicos e desmontar as estruturas "neoliberais" do Equador, o quinto maior produtor de petróleo da América do Sul.

A ameaça de Correa contra o poder legislativo foi feita depois de o presidente ter sofrido vários reveses na aprovação de projetos econômicos e políticos considerados chaves, apesar de ele ter conseguido encurralar a oposição, com o apoio de partidos minoritários de esquerda.

Correa, que afirma liderar uma revolução "socialista" do século 21, não tem deputados no Congresso.

As derrotas foram infligidas inclusive com a participação de deputados independentes que apoiavam o presidente, que, com a concordância do Congresso, substituiu 57 deputados oposicionistas destituídos pela Corte Eleitoral por se oporem ao referendo que aprovou a instalação da assembléia.

A nova Constituição que a assembléia constituinte aprovar ainda terá que ser endossada pelos eleitores, em referendo previsto para 2008.

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