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Dezenas de manifestantes contrários ao governo do Iêmen foram feridos por disparos e dois deles morreram durante confronto com a polícia nesta sexta-feira, enquanto o presidente Ali Abdullah Saleh rejeitou um novo acordo para encerrar seu governo de 32 anos.

Saleh, que enfrenta um desafio sem precedentes devido aos protestos feitos por centenas de milhares de manifestantes em todo o país, havia inicialmente aceito uma oferta do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) para negociar com a oposição.

Na quarta-feira, porém, o primeiro-ministro do Catar, xeique Hamad bin Jassim al-Thani, disse a jornalistas que, em lugar disso, o CCG fará um acordo para que Saleh deixe a presidência.

"Nossa legitimidade não vem do Catar ou de qualquer outro país. Rejeitamos essa intervenção beligerante", disse Saleh a partidários que o aplaudiram na capital, Sanaa.

A frustração com o impasse pode incentivar à violência milhares de iemenitas que vêm saindo às ruas em protestos. Ao menos 23 pessoas morreram em enfrentamentos esta semana em Taiz e Hudaida, porto no Mar Vermelho.

Novos confrontos aconteceram na cidade de Taiz nesta sexta, quando centenas de manifestantes entraram em choque com a polícia, que abriu fogo e jogou gás lacrimogêneo. Duas pessoas morreram e 25 ficaram feridas.

Os manifestantes participavam de uma procissão funerária das cinco pessoas mortas no início da semana quando entraram em choque com as forças de segurança do governo.

Mesmo antes dos protestos pró-democracia inspirados pelos levantes em outros países da região, Saleh já lutava para sufocar uma rebelião separatista no sul do Iêmen e uma insurgência xiita no norte. Uma luta violenta pelo poder também pode ampliar a capacidade de operações da ala regional da Al Qaeda baseada no Iêmen.

Esses fatores suscitam receios quanto à estabilidade de um país que margeia um corredor marítimo pelo qual passam mais de 3 milhões de barris de petróleo por dia.

Os EUA e a Arábia Saudita, ambos os quais já foram alvos de atentados lançados pela ala da Al-Qaeda baseada no Iêmen, parecem dispostos a deixar de lado Saleh, seu aliado de longa data contra a Al-Qaeda, para evitar o colapso caótico do país árabe mais pobre do mundo.

"As opções de Saleh se esgotaram. A iniciativa do Golfo deve ter sido um choque vindo da Arábia Saudita, que era sua última aliada", disse Mohammed Sharqi, um dos líderes do movimento de protesto de jovens em Sanaa, aludindo ao plano para a renúncia de Saleh.EUA suspendem ajuda

O Wall Street Journal informou que Washington congelou seu maior pacote de ajuda ao Iêmen em fevereiro, depois do início dos protestos.

"A primeira parcela do pacote de ajuda, valendo potencialmente 1 bilhão de dólares ou mais ao longo de vários anos, estava prevista para ser enviada em fevereiro, marcando a maior tentativa da Casa Branca de garantir a lealdade do presidente Ali Abdullah Saleh na luta contra a Al-Qaeda na Península Arábica", disse o jornal.

O jornal disse que o pacote proposto incluía 200 milhões de dólares em ajuda de contraterrorismo neste ano fiscal, contra 155 milhões no ano fiscal de 2010, além de um valor quase igual em ajuda ao desenvolvimento.

O Washington Post informou que um líder oposicionista iemenita contara a um funcionário da embaixada americana em Sanaa de um plano secreto para afastar Saleh, menos de dois anos atrás.

Vários telegramas diplomáticos do site WikiLeaks revelaram que as autoridades americanas tinham consciência da situação política do Iêmen, mas descontavam em grande medida a perspectiva de que Saleh pudesse ser forçado a deixar o poder.

Manifestantes pró-democracia promoveram uma "sexta-feira da firmeza" em Sanaa, gritando "você, líder dos corruptos, é o próximo a sair," enquanto veículos blindados e forças de segurança se posicionavam pela cidade.

A quatro quilômetros de distância, dezenas de milhares de partidários de Saleh fizeram uma marcha, agitando fotos do presidente e faixas dizendo "não ao terrorismo, não à sabotagem."

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