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O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta terça-feira que está esperando uma reação à carta que ele enviou ao presidente americano, George W. Bush. Entretanto, autoridades americanas a classificaram de uma manobra para desviar as atenções da polêmica envolvendo os planos nucleares do Irã.

A carta foi a primeira de um líder de Estado iraniano para um presidente dos EUA desde que Washington cortou relações com Teerã, depois da Revolução Islâmica de 1979. Ahmadinejad afirmou que nela propôs "novas maneiras" para solucionar muitos problemas enfrentados pela humanidade e resolver suas diferenças com Bush.

Mas uma cópia da carta de 18 páginas obtida pela Reuters mostrou um texto vago e centralizado nos erros dos Estados Unidos, além de não conter idéias para acabar com a disputa sobre as ambições nucleares do Irã.

Questionado pelos repórteres sobre a carta, Ahmadinejad disse:

- Esperaremos para ver a reação dos EUA e agiremos de acordo com essa reação.

Autoridades americanas se mostravam céticas com relação aos propósitos da carta.

- Certamente, uma das hipóteses que devem ser examinadas é se e de que maneira a escolha do momento para enviar a carta tem relação com qualquer tentativa de influenciar a discussão diante do Conselho de Segurança - afirmou na segunda-feira o diretor de inteligência nacional dos EUA, John Negroponte.

O Irã não conseguiu convencer o mundo de que seu programa nuclear tem fins apenas pacíficos e por isso o caso foi levado ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na segunda-feira, os ministros das Relações Exteriores das grandes potências não conseguiram fechar uma estratégia conjunta para lidar com o Irã. O chanceler francês Philippe Douste-Blazy disse que a reunião de três horas - liderada pelos Estados Unidos e com ministros de Rússia, Grã-Bretanha, China, França e Alemanha - não chegou a um acordo.

- Ainda estamos estudando o nosso trabalho - disse Douste-Blazy a repórteres depois do encontro.

Uma alta autoridade americana, que falou sob anonimato, disse que no encontro se concordou que o Irã deve pagar um preço por não cumprir as resoluções da ONU, mas não se chegou aos termos.

- Acho que as perspectivas de um acordo nesta semana não são substancialmente boas - disse. - Claramente, temos muito a avançar.

As grandes potências políticas se encontram em Nova York nesta terça-feira para debater o Irã. Outra reunião será realizada provavelmente na próxima semana, mas os participantes - que desejam uma posição consolidada - rejeitaram marcar um prazo para a ação do Conselho de Segurança, disse a autoridade americana.

Rússia e China resistem a uma proposta de resolução para o conselho preparada por Grã-Bretanha e França, com apoio dos EUA, que exigiria legalmente que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio. Britânicos e franceses queriam aprovar a resolução antes do encontro de ministros da segunda-feira.

Um diplomata europeu que trabalha com a questão do Irã, mas que não tem autorização para falar em público, disse que a carta foi "outro ataque tático divulgado deliberadamente hoje (antes do encontro de ministros) e que deixou autoridades do governo muito irritadas".

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