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Tabaré Vasquéz: luta contra o câncer de pulmão
Tabaré Vasquéz: luta contra o câncer de pulmão| Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP

Morreu na madrugada deste domingo (06) o político uruguaio Tabaré Vasquéz, presidente do Uruguai por dois mandatos, entre 2005 e 2010 e 2015 e 2020. Aos 80 anos, ele lutava contra um câncer de pulmão descoberto em agosto do ano passado.

Sua morte foi comunicada pelo partido Frente Ampla, do qual Vasquéz era presidente de honra. ""Seu exemplo de integridade política e compromisso inabalável com nosso país e povo, nos levará a continuar seu legado". Seu filho, Alvaro Vázquez, escreveu no Twitter: "Hoje, às 3 horas, enquanto descansava em casa, acompanhado de alguns familiares e amigos, por causa de sua doença, Tabaré faleceu. Em nome da família, queremos agradecer a todos os uruguaios pelo carinho recebido por ele ao longo de tantos anos".

Luis Lacalle Pou, atual presidente do Uruguai, expressou seu pesar pela morte do antecessor. "Ele enfrentou com coragem e serenidade sua última batalha. Tivemos momentos de diálogo pessoal e político que valorizo ​​e irei lembrar. Ele serviu seu país e com base no esforço obteve importantes conquistas. Ele era o presidente dos uruguaios. O país está de luto".

Trajetória

Nascido em Montevidéu, em 17 de janeiro de 1940, Vasquéz foi opositor da ditadura militar uruguaia (1973-1985). Em 1989, foi eleito prefeito de sua cidade natal. Em 1994 concorreu pela primeira vez à presidência do Uruguai, e terminou em terceiro lugar com 30,6% dos votos. Perdeu novamente em 1999, desta vez para Jorge Battle, do Partido Colorado.

Em um movimento semelhante ao de Lula no Brasil, Vasquéz moderou seu discurso, chegando a condenar a luta armada do grupo armado radical de esquerda Tupamaros, guerrilha que combateu a ditadura militar uruguaia. A estratégia deu certo e ele chegou à presidência nas eleições de 2004.

Luta contra o tabagismo

Oncologista, Vasquéz sempre travou uma batalha pessoal contra o tabagismo e o câncer. Ele mesmo ex-fumante — parou havia mais de 50 anos — perdeu a mãe, o pai e a irmã para o câncer. Um mês antes de ser diagnosticado com câncer de pulmão, sua esposa, Maria Auxiliadora Delgado, com quem era casado havia cinco décadas, morreu, vitima de um enfarte.

Durante seu mandato, impôs duras restrições ao consumo de cigarro no país e aumentou os impostos sobre produtos derivados do tabaco. A Philip Morris chegou a processar o governo uruguaio pelas medidas adotadas no primeiro mandato de Vasquéz. Sobre as empresas que fabricam cigarros, Vasquéz afirmou: "É a única indústria que mata seus próprios clientes, e isso faz isso de maneira traiçoeira, por dois motivos: mata a maioria de seus clientes porque sabe que nada vai mudar, e o segundo motivo é porque sabe que pode recrutar novos clientes entre os jovens".

Reações à morte

O governo brasileiro recebeu "com grande pesar" a notícia da morte do ex-presidente do Uruguai Tabaré Vázquez. "O governo brasileiro transmite ao povo-irmão do Uruguai e aos familiares do ex-presidente as suas profundas condolências", declarou, em nota, o Ministério das Relações Exteriores.

Lula publicou nota lamentando a morte de Vázquez e fez um post no Twitter, acompanhado de uma foto em que aparece de mãos dadas com o ex-presidente uruguaio. Nela, afirmou que perdeu um amigo "querido" seu e do Brasil. "Tabaré Vázquez foi um grande médico e político, por duas vezes presidente do Uruguai, que governou com sabedoria e competência, deixando um legado de democracia, desenvolvimento e avanços sociais no nosso querido país vizinho" disse.

O ex-presidente uruguaio José Mujica disse, em declaração à rádio uruguaia Sarandi, que "A melhor maneira de lembrar de você é lutar por suas bandeiras". Ele disse que o dia de hoje é triste tanto para a força política formada por ambos, a Frente Ampla (FA), como para o seu bairro, La Teja, ressaltando a perda para os mais pobres e os proletariados.

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