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Em mais uma declaração que se opõe a postura de Mahmoud Amadinejad - seu antecessor - o recém-empossado presidente do Irã, Hassan Rouhani, reconheceu nesta terça-feira (24) a existência do Holocausto. Ao ser questionado pela jornalista Christiane Amanpour, em entrevista à CNN, ele considerou o crime como "repreensível", mas não quis falar sobre as dimensões do massacre.

"Eu não sou um historiador e quando se trata de falar das dimensões do Holocausto são os historiadores que devem refletir", disse Rouhani, após deixar a 68ª Assembleia da ONU em Nova York. "Mas, em geral, posso dizer-lhe que qualquer crime que acontece contra a Humanidade na História, incluindo o crime dos nazistas contra os judeus, é repreensível e condenável", disse ele, de acordo com a tradução da CNN de seus comentários.

Sobre suas relações com os Estados Unidos e rumores de ter negado um encontro com Barack Obama, Rouhani explicou que não quis encontrar o presidente americano pois não teve tempo suficiente para se preparar. No entanto, mandou um recado com um pedido de maior diálogo com o povo americano.

"Eu gostaria de dizer para o povo americano: Eu trago a paz e amizade entre os iranianos e os americanos."

Apesar de reconhecer o Holocausto, Rouhani mostrou que tem duras críticas a Israel, fundado depois da Segunda Guerra Mundial. Segundo ele, o fato de judeus terem sofrido com o sangrento crime de guerra não justifica a invasão da Palestina e a violência contra os palestinos.

"Isso não significa que, por outro lado, você possa dizer: 'os nazistas cometeram crimes contra um grupo, agora, portanto, ele devem usurpar as terras de outro grupo e ocupá-las'", criticou ele. "Este também é um ato que deve ser condenado. Deve haver uma discussão imparcial."

Mais cedo, Rouhani surpreendeu ao mencionar Obama nominalmente em seu discurso na ONU e disse esperar que o presidente americano não ceda às pressões contrárias para alavancar o diálogo entre os dois países. Essa referência parecia ser um recado velado a Israel, que promete manter sobre Obama o lobby para uma política severa quanto a Teerã.

"Eu ouvi atentamente o discurso do presidente Obama hoje na Assembleia Geral. Espero que eles se abstenham de seguir os interesses míopes de grupos de pressão belicista para que possamos chegar a um meio de gerir nossas diferenças. Nós esperamos ouvir uma voz consistente de Washington", afirmou.

A delegação israelense fora instruída pelo premier Benjamin Netanyahu a boicotar a aparição do iraniano. Rouhani conclamou os países-membros da ONU a participarem de um esforço coletivo intitulado "Mundo contra a violência e o extremismo". Mas também não poupou críticas duras, embora elegantes, aos EUA.

"A ameaça iraniana serviu de desculpa para justificar crimes nas últimas três décadas: Armar Saddam Hussein com armas químicas e estabelecer a al-Qaeda no Afeganistão...", lembrou ele, garantindo que "o Irã não representa ameaça ao mundo ou à região".

Antes e durante a Assembleia Geral da ONU, autoridades israelenses criticaram Rouhani, um clérigo moderado que iniciou um investida diplomática para se aproximar do Ocidente nos últimos dias. O antecessor de Rouhani, Mahmoud Amadinejad, era enfático em negar a existência do crime, afirmando que o massacre era um mito.

Em julho, Ahmadinejad afirmou que a negação do Holocausto foi uma de suas maiores conquistas, segundo o "Times of Israel". De acordo com o jornal, o ex-presidente afirmou que "esse era um tópico taboo que ninguém no Ocidente tinha permissão para ouvir, mas que foi colocado em um nível global que quebrou a espinha do regime capitalista do Ocidente".

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