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Prisioneiros leais ao ex-ditador líbio Muamar Kadafi foram torturados por oficiais enquanto estavam em uma prisão de Misrata, afirma neste sábado (28) a emissora pública britânica "BBC".

Alguns dos presos de um centro de detenção da cidade disseram ao canal de televisão que foram golpeados, castigados com chicotes e receberam descargas elétricas durante sua custódia.

Essas acusações foram rechaçadas pelo responsável do conselho militar de Misrata enquanto a Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, fez um pedido ao Governo de transição líbio para que assuma o controle total de todos os presos.

As acusações acontecem quando se completam cem dias da morte de Muamar Kadafi, dia 20 de outubro em Sirte, sua cidade natal, nas mãos dos rebeldes após quase nove meses de conflito armado entre o regime líbio e as forças rebeldes.

Um jornalista da "BBC" que teve acesso à prisão disse que os presos relataram ter passado por surras prolongadas e foram castigados com cabos elétricos, embora em nenhum desses casos tenha acontecido tortura dentro da prisão.

Um dos prisioneiros contou à emissora britânica como foi golpeado em uma perna que já estava gravemente lesionada quando lhe transferiram para ser submetido a um interrogatório realizado pelo Exército nacional líbio.

Em outros casos, os presos disseram que os abusos aconteceram antes de chegar ao centro de detenção. Os responsáveis da prisão em Misrata admitiram à "BBC" que embora soubessem que os presos eram levados a outros locais onde eram torturados, eles não podiam frear os abusos.

Segundo denunciou um porta-voz da organização de direitos humanos Anistia Internacional "a tortura é realizada por entidades militares e de segurança oficialmente reconhecidas assim como por uma multidão de milícias armadas que operam fora de qualquer marco legal".

No início desta semana, a organização Médicos sem Fronteiras anunciou a suspensão de suas operações nos centros de detenção de Misrata como resposta às torturas praticadas pelos oficiais sobre os presos e à negação de tratamento médico.

O MSF informou que desde que iniciou suas atividades na região, em agosto, os médicos da organização tiveram que tratar "cada vez mais pacientes com lesões devido a torturas nos interrogatórios", embora em princípio o trabalho nestes centros era tratar dos feridos de guerra presos.

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