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Conflito no Cáucaso

Pressionada, Rússia diz começar retirada hoje

Kremlin não esclarece se tropas russas também deixarão as regiões separatistas

Tanque russo passa por edifícios destruídos em Tskhinvali, cidade rebelde da Ossétia do Sul | Dmitry Kostyuko/AFP
Tanque russo passa por edifícios destruídos em Tskhinvali, cidade rebelde da Ossétia do Sul (Foto: Dmitry Kostyuko/AFP)

São Paulo - Ao menos três países – Estados Unidos, Alemanha e França – pressionaram ontem a Rússia a retirar suas tropas da Geórgia. Ao mesmo tempo, o presidente russo, Dmitri Medvedev, anunciou que começará a retirada hoje. Apesar do anúncio, não há informações sobre quanto tempo essa retirada vai levar.

Em um comunicado divulgado pelo Kremlin, Medvedev anunciou que o começo da retirada das tropas acontecerá hoje, mas não fez menção sobre deixar a Ossétia do Sul, região separatista que está no centro do conflito entre a Rússia e a Geórgia. Ele disse apenas que as tropas voltariam para Ossétia do Sul de suas posições na Geórgia.

Os confrontos tiveram início quando a Geórgia, que é aliada dos Estados Unidos, enviou tropas para retomar o controle sobre a Ossétia do Sul, região separatista que declarou independência no começo dos anos 90. Moscou reagiu à ofensiva porque apóia o pequeno território e mantêm forças de paz na região.

Desde a assinatura do acordo de cessar-fogo pela Rússia – que havia sido feita anteriormente pela Geórgia –, a pressão ocidental para a retirada de tropas russas tem aumentado. Os Estados Unidos e a França já haviam acusado a Rússia de descumprir a trégua, pelo fato de tanques e soldados russos continuarem a rodar livremente pela Geórgia.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, alertou ontem que a Rússia enfrentaria "sérias conseqüências" se não começasse a retirada e falou mais cedo com Medvedev pelo telefone.

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, acusou novamente ontem o presidente russo de descumprir a promessa de retirada rápida das tropas da Geórgia, estabelecida pelo acordo de cessar-fogo assinado pelos dois países. "Espero que, desta vez, ele cumpra a palavra", disse Rice.

No sábado, em mais uma advertência à Rússia, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que o país não pode exigir o direito sobre as duas regiões separatistas – Ossétia do Sul e da Abkházia – da vizinha Geórgia, aliada dos EUA, e que não há espaço para o debate sobre o assunto.

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu hoje à Rússia a retirada de suas tropas da Geórgia "em questão de dias" e mostrou a disposição de seu país em participar de uma força multinacional de paz na zona de conflito.

Merkel fez as afirmações em Tbilisi em entrevista coletiva conjunta com o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, que voltou a acusar a Rússia de fazer uma "limpeza étnica" na região.

"O presidente russo, Dmitri Medvedev, me prometeu que retiraria as tropas após assinar o plano europeu", afirmou. Merkel acrescentou que "todo o mundo está esperando a retirada das tropas russas", assunto do qual os ministros de Relações Exteriores da União Européia (UE) tratarão amanhã.

Além disso, ela disse que a guerra na região separatista da Ossétia do Sul não implicará em nenhuma mudança na decisão tomada pela Otan, em abril passado. "As portas da Otan estão abertas para a Geórgia", afirmou, acrescentando que a política de vizinhança da UE com a Geórgia será "mais ativa" a partir de agora.

Por sua parte, Saakashvili voltou a acusar a Rússia de "limpeza étnica" e exigiu a imediata retirada das tropas "ocupantes" do país vizinho. "A Geórgia nunca cederá nem um metro quadrado de seu território. Nunca aceitaremos a anexação, o separatismo e a violação do sistema democrático", afirmou.

Saakashvili insistiu na necessidade de criar uma força multinacional de paz como um aspecto-chave para a solução do conflito. "Não há tropas de paz russas, são soldados. A Rússia não pode ser mediadora. Não há parte sul-osseta, já que ali são todos representantes russos. Os separatistas são financiados pela Rússia", apontou.

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