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Tanque russo passa por edifícios destruídos em Tskhinvali, cidade rebelde da Ossétia do Sul | Dmitry Kostyuko/AFP
Tanque russo passa por edifícios destruídos em Tskhinvali, cidade rebelde da Ossétia do Sul| Foto: Dmitry Kostyuko/AFP

Segundo ONU, conflito deixa 158 mil deslocados

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) colocou em 158 mil o número de deslocados causados pelo conflito armado entre Rússia e Geórgia pela região separatista georgiana da Ossétia do Sul. A estimativa da agência se baseia em números fornecidos pelos governos dos dois países.

A cifra inclui 98,6 mil deslocados na Geórgia, 30 mil na Ossétia do Sul e outros 30 mil na Rússia, informou a agência da ONU. Na última terça-feira, o Acnur informou que o conflito havia deixado quase 100 mil deslocados.

Um comboio do Programa Mundial de Alimentos e do Acnur se dirigia ontem à cidade de Gori (centro da Geórgia) e a mais próxima à Ossétia do Sul, levando ajuda para 1.500 pessoas.

EUA

Ontem, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, afirmou que os Estados Unidos devem reavaliar sua relação com Moscou. "Há uma preocupação real de que a Rússia esteja se voltando para o passado ao invés de para o futuro", disse Gates. "O fato é que trabalhamos pesado para trazê-los (os russos) para a comunidade das nações. Pensamos que eles estavam seguindo nessa direção", ele acrescentou. "Agora temos de reavaliar tudo isso".

São Paulo - Ao menos três países – Estados Unidos, Alemanha e França – pressionaram ontem a Rússia a retirar suas tropas da Geórgia. Ao mesmo tempo, o presidente russo, Dmitri Medvedev, anunciou que começará a retirada hoje. Apesar do anúncio, não há informações sobre quanto tempo essa retirada vai levar.

Em um comunicado divulgado pelo Kremlin, Medvedev anunciou que o começo da retirada das tropas acontecerá hoje, mas não fez menção sobre deixar a Ossétia do Sul, região separatista que está no centro do conflito entre a Rússia e a Geórgia. Ele disse apenas que as tropas voltariam para Ossétia do Sul de suas posições na Geórgia.

Os confrontos tiveram início quando a Geórgia, que é aliada dos Estados Unidos, enviou tropas para retomar o controle sobre a Ossétia do Sul, região separatista que declarou independência no começo dos anos 90. Moscou reagiu à ofensiva porque apóia o pequeno território e mantêm forças de paz na região.

Desde a assinatura do acordo de cessar-fogo pela Rússia – que havia sido feita anteriormente pela Geórgia –, a pressão ocidental para a retirada de tropas russas tem aumentado. Os Estados Unidos e a França já haviam acusado a Rússia de descumprir a trégua, pelo fato de tanques e soldados russos continuarem a rodar livremente pela Geórgia.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, alertou ontem que a Rússia enfrentaria "sérias conseqüências" se não começasse a retirada e falou mais cedo com Medvedev pelo telefone.

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, acusou novamente ontem o presidente russo de descumprir a promessa de retirada rápida das tropas da Geórgia, estabelecida pelo acordo de cessar-fogo assinado pelos dois países. "Espero que, desta vez, ele cumpra a palavra", disse Rice.

No sábado, em mais uma advertência à Rússia, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que o país não pode exigir o direito sobre as duas regiões separatistas – Ossétia do Sul e da Abkházia – da vizinha Geórgia, aliada dos EUA, e que não há espaço para o debate sobre o assunto.

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu hoje à Rússia a retirada de suas tropas da Geórgia "em questão de dias" e mostrou a disposição de seu país em participar de uma força multinacional de paz na zona de conflito.

Merkel fez as afirmações em Tbilisi em entrevista coletiva conjunta com o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, que voltou a acusar a Rússia de fazer uma "limpeza étnica" na região.

"O presidente russo, Dmitri Medvedev, me prometeu que retiraria as tropas após assinar o plano europeu", afirmou. Merkel acrescentou que "todo o mundo está esperando a retirada das tropas russas", assunto do qual os ministros de Relações Exteriores da União Européia (UE) tratarão amanhã.

Além disso, ela disse que a guerra na região separatista da Ossétia do Sul não implicará em nenhuma mudança na decisão tomada pela Otan, em abril passado. "As portas da Otan estão abertas para a Geórgia", afirmou, acrescentando que a política de vizinhança da UE com a Geórgia será "mais ativa" a partir de agora.

Por sua parte, Saakashvili voltou a acusar a Rússia de "limpeza étnica" e exigiu a imediata retirada das tropas "ocupantes" do país vizinho. "A Geórgia nunca cederá nem um metro quadrado de seu território. Nunca aceitaremos a anexação, o separatismo e a violação do sistema democrático", afirmou.

Saakashvili insistiu na necessidade de criar uma força multinacional de paz como um aspecto-chave para a solução do conflito. "Não há tropas de paz russas, são soldados. A Rússia não pode ser mediadora. Não há parte sul-osseta, já que ali são todos representantes russos. Os separatistas são financiados pela Rússia", apontou.

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