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Buenos Aires – Mais de dois milhões de portenhos irão às urnas neste domingo para participar do segundo turno das eleições para a escolha do chefe de governo da capital argentina (cargo equivalente ao de prefeito do distrito federal). As pesquisas indicam que a vitória será, inevitavelmente, de Mauricio Macri, presidente do time Boca Juniors e candidato da coalizão de centro-direita Proposta Republicana (PRO).

Em diversas pesquisas Macri ostenta uma média de 57% a 62% das intenções de voto contra seu rival, o candidato do governo do presidente Néstor Kirchner, o ministro da Educação Daniel Filmus do Frente pela Vitória (sublegenda do Partido Peronista), que arranharia de 37% a 43% dos votos. No entanto, mais do que a decisão sobre o controle da capital argentina, a eleição deste domingo transformou-se em uma inesperada prévia das eleições presidenciais de outubro.

Buenos Aires teve – historicamente – um peculiar eleitorado que, com raras exceções, sempre votou contra o governo federal de plantão. A cidade representa menos de 10% do colégio eleitoral total argentino. No entanto, uma vitória na capital do país possui um efeito psicológico de peso no resto do eleitorado nacional. Por esse motivo, o governo – resignado à derrota – sem chances de um "milagre" político que proporcione uma virada nas urnas, tenta evitar uma derrota de grande magnitude para seu candidato e faz o possível para atingir a faixa de pelo menos 40% dos votos para Filmus.

Esta proporção de votos seria considerada "digna" nas fileiras kirchneristas, que poderiam reivindicar o título de "campeões morais".

No entanto, uma votação significativamente inferior seria um duro golpe para a autoconfiança do governo, que – segundo os politólogos – se depara com um cenário menos favorável para as eleições presidenciais.

No primeiro turno, no dia 3 de junho, Macri superou os elevados índices de rejeição que havia padecido nos anos anteriores e conseguiu 45,6% no primeiro turno. Filmus conseguiu 23,7%. Os analistas indicam que os eleitores do terceiro colocado no primeiro turno, o atual prefeito Jorge Telerman, se dividiriam em quase perfeitas metades para Filmus e Macri. Os eleitores da esquerda, que somaram 7% no primeiro turno, críticos ferozes dos dois candidatos, realizariam uma abstenção em massa ou votariam em branco.

Macri, nas últimas três semanas, consolidou-se como a principal figura da oposição. Atomizada, desprestigiada, e dividida por uma série de brigas de egos entre suas principais lideranças, a oposição não contou – durante os quatro anos de governo Kirchner – com uma figura que a aglutinasse. Macri atualmente desponta como esse líder que faltava à oposição. Diversos setores especulam que Macri poderia deixar a prefeitura de lado e candidatar-se à presidência da República em outubro. No entanto, o próprio Macri desmente que tomaria tal atitude. Caso não seja candidato, Macri forneceria seu respaldo – hoje em dia altamente cotado – à outra liderança da oposição para enfrentar o governo nas urnas.

Na Casa Rosada, Kirchner ainda não definiu se ele se apresentará à reeleição ou se a candidata do governo será sua esposa, a senadora Cristina Fernández de Kirchner.

Na reta final da campanha, na semana passada, Macri recebeu uma ajuda extra do denominado "Fator Riquelme", denominação do efeito que teve a vitória do Boca Juniors sobre o Grêmio de Porto Alegre e a conseqüente conquista da Copa Libertadores, protagonizada pelo jogador Juan Román Riquelme. A conquista do ambicionado troféu, segundo o analista de opinião pública Julio Aurelio, proporcionaria a Macri, presidente do Boca, pelo menos 2% a mais de votos.

Filmus tentou combater a sensação generalizada de que a eleição portenha já estava definida desde o primeiro turno, quando seu rival o superou com 21,9% dos votos. Nas últimas semanas, Filmus apelou a um slogan que os publicitários consideraram "desesperado": "Vote em Filmus – Nada é impossível".

Macri, no entanto, manteve uma mobilização constante com visitas a diversos bairros e uma intensa campanha de propostas para tornar – segundo seu slogan – "Bueno Buenos Aires" (Bom Buenos Aires).

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