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Sistema imunológico

Primeiras reações do corpo ao HIV podem conter chave para vacina

Epidemia da Aids já matou cerca de 25 milhões de pessoas em todo o mundo. 33 milhões em média estão contaminadas com o vírus

A resposta inicial do organismo à contaminação pelo HIV pode conter as respostas de que cientistas precisam para desenvolver uma vacina contra o vírus causador da Aids, disse nesta segunda-feira (1) a cientista Françoise Barre-Sinoussi, premiada com o Nobel.

A epidemia de Aids já matou cerca de 25 milhões de pessoas em todo o mundo, e mais ou menos 33 milhões hoje estão contaminadas com o vírus. Coquetéis de medicamentos podem controlar o vírus, mas até agora não existe cura.

Françoise Barre-Sinoussi, que dividiu o Nobel de Medicina de 2008 com Luc Montaignier pela descoberta do HIV, um quarto de século atrás, disse em um evento do Dia Mundial de Combate à Aids que o corpo humano apresenta uma reação muito característica - e rápida - à contaminação pelo HIV.

As respostas celulares quase imediatas verificadas no intestino e outras partes do corpo podem indicar aos cientistas o caminho para uma vacina que impeça o HIV de se instalar e transformar-se numa doença que destrói as defesas imunológicas, disse a cientista francesa.

"Tudo é decidido em pouco tempo após a exposição ao vírus. Quando digo pouco tempo, quero dizer que é uma questão de dias", disse ela em discurso perante a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Se conhecermos melhor os eventos primeiros da infecção aguda, poderemos pensar em desenvolver uma estratégia de vacina melhor", disse ela, avisando: "Se não avançarmos nesse conhecimento básico, jamais teremos uma vacina".

Esforços recentes para desenvolver uma vacina que ative as células do sistema imunológico que enfrentam o vírus - como a tentativa feita no ano passado pela Merck - têm dado resultados decepcionantes.

Barre-Sinoussi disse que vacinas "convencionais" não serão suficientes para enfrentar o HIV, que é um retrovírus, ou seja, copia pedaços de seu código genético no DNA de seu anfitrião.

"Precisamos considerar a abordagem convencional em conjunto com outra abordagem que leve em conta os sinais patogênicos", disse ela. "Precisamos compreender melhor o papel da genética".

A especialista do Instituto Pasteur também pediu mais pesquisas sobre co-infecções entre HIV e turberculose, além de rebater as críticas segundo as quais bilhões de dólares foram canalizados para projetos relacionados à Aids, drenando recursos necessários para o combate de outras doenças.

"Fico surpresa ao constatar uma oposição entre o combate ao HIV e outras questões de saúde primárias. É um erro total", disse ela. "Não entendo por que essas pessoas não podem colaborar."

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