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Atualizado em 05/04/2006 às 19h

O primeiro-ministro da Tailândia, Thaksin Shinawatra, anunciou nesta terça-feira que vai renunciar, cedendo à forte pressão exercida pela oposição e encerrando quase três meses de crise política. Shinawatra fez o anúncio durante um pronunciamento pela televisão, poucas horas depois de ser recebido em audiência pelo rei Bhumibol Adulyadej. Seus adversários políticos haviam afirmado que rejeitariam qualquer proposta do primeiro-ministro que não fosse a sua renúncia.

Shinawatra nomeou nesta quarta-feira o seu vice-primeiro-ministro Chidchai Vanasatidya como chefe do governo em exercício.

Os partidos da oposição e a aliança de grupos civis que vêm convocando manifestações desde janeiro acusam Shinawatra --um ex-oficial da polícia e milionário que virou político-- de corrupção, abuso de poder e nepotismo.

Em seu discurso, Shinawatra disse que não assumirá a chefia do governo que será formado depois da composição do novo Parlamento, no prazo de um mês após as eleições, segundo manda a Constituição.

"Sinto muito, mas não vou aceitar o cargo de primeiro-ministro", disse ele, após lembrar que 16 milhões de eleitores votaram no seu partido, o Thai Rak Thai, nas eleições deste domingo, boicotadas pela oposição.

Segundo os resultados preliminares, o Thai Rak Thai obteve cerca de 57% dos aproximadamente 28 milhões de votos depositados nas urnas.

Ao longo dos últimos dois meses, Shinawatra descartou em várias ocasiões ceder à pressão dos grupos que pediam sua renúncia nas manifestações.

Devido aos altos índices de abstenção, deverá acontecer nova votação em pelo menos 38 regiões eleitorais. Quase todas ficam nas Províncias do sul do país, berço político do partido de oposição democrata, líder do boicote eleitoral ao qual se uniram os também opositores Chart Thai (Nação Tailandesa) e Mahachon.

Horas antes do anúncio oficial, a oposição rejeitou a proposta de criação de um comitê neutro para resolver a crise política que se intensificou após as eleições. Os adversários de Shinawatra marcaram posição e mantiveram a campanha para forçar a renúncia.

No entanto, Abhisit Vejajiva, líder do Partido Democrata, que propôs o boicote eleitoral, disse que, em troca da renúncia de Shinawatra, a oposição estava disposta a apresentar candidatos nas regiões onde a votação terá que ser repetida.

A Comissão Eleitoral informou que a votação será repetida nas circunscrições eleitorais onde os candidatos não chegaram a 20% dos votos, mínimo exigido para chegar ao Parlamento.

Com a abstenção em 70% das 400 circunscrições, os candidatos do partido Thai Rak Thai não tiveram com quem disputar.

Shinawatra propôs na segunda-feira criar um comitê neutro formado por três ex-premiês, três ex-presidentes do Tribunal Supremo e três ex-presidentes do Parlamento, com o objetivo de chegar a um acordo de reconciliação nacional.

Por sua vez, a Aliança do Povo para a Democracia, integrada por diversos grupos oposicionistas, propôs encerrar as manifestações se Shinawatra se comprometesse a não chefiar o próximo governo.

Os grupos intensificaram a campanha contra Shinawatra em fevereiro, quando foi anunciada a venda do grupo empresarial fundado por ele, o Shin Corporation, para a empresa estatal de Cingapura Temasek, por cerca de US$ 1,9 bilhão, numa operação precedida de irregularidades e isenta de impostos.

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