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O diretor Oliver Stone posa para fotografias no Festival de Cinema de Cannes, na França, 13 de julho
O diretor Oliver Stone posa para fotografias no Festival de Cinema de Cannes, na França, 13 de julho| Foto: EFE/EPA/IAN LANGSDON

O diretor de cinema norte-americano Oliver Stone afirmou em entrevista nesta quinta-feira que a prisão do ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva, durante a operação Lava Jato, foi motivada por um "projeto dos Estados Unidos" para desestabilizar a esquerda na América Latina.

Em entrevista concedida durante a 74ª edição do Festival de Cinema de Cannes, na França, o cineasta disse que a prisão de Lula "teve por trás o interesse do governo dos EUA em desestabilizar líderes latino-americanos de esquerda". Stone, que prepara para 2022 um filme com Lula no papel principal, declarou ainda que a prisão do petista foi "selvagem" e "uma história suja".

"É duro, é uma guerra em curso o que está acontecendo", alegou o vencedor do Oscar e diretor dos filmes JFK e Platoon. Para ele, há uma tentativa por parte de países do Ocidente de criminalizar nações comandadas por adversários dos EUA ou por líderes de esquerda.

"A mentalidade do Ocidente agora é completamente anti-Rússia, anti-China, anti-Irã, anti-Cuba, anti-Venezuela. Não se pode falar nada de bom sobre eles. Quem mais está na lista? O Brasil. No Brasil, Lula foi para a prisão, eles se livraram de Lula. Eles policiam o mundo", disse.

Oliver Stone está em Cannes para a estreia do seu novo documentário JFK Revisited: through the looking glass, sobre o assassinato do presidente norte-americano John Kennedy.

Documentário sobre Cazaquistão

O diretor Oliver Stone atraiu críticas recentemente ao anunciar um documentário de oito horas sobre Nursultan Nazarbayev, ex-líder do Cazaquistão por três décadas.

No filme Qazaq: History of the Golden Man, Stone entrevista Nazarbayev na capital do país da Ásia Central, Nur-Sultan, que foi renomeada para homenagear seu ex-líder. O diretor recebeu críticas por não confrontar o ex-governante em sua entrevista, assim como já tinha feito ao entrevistar outros líderes autoritários, incluindo o venezuelano Hugo Chávez, o cubano Fidel Castro e o russo Vladimir Putin.

"Chame Nazarbayev do que quiser - ditador, homem forte, tirano, fundador", disse Stone sobre o seu filme pelo Twitter. "Você verá que ele é um homem modesto explicando a queda do império soviético e a transição do seu importante país para uma nação independente, incluindo o descarte de seu armamento nuclear".

O filme é "obviamente parte do contínuo culto à personalidade [de Nazarbayev]", disse ao jornal The Guardian a jornalista e escritora Joanna Lillis, que faz coberturas sobre o Cazaquistão. "[O filme] só pode ser descrito como propaganda [...] obviamente é dirigido a uma plateia estrangeira para polir a sua reputação e o seu legado".

Outros filmes baseados em fatos e documentários de Oliver Stone incluem As Entrevistas de Putin; Mi Amigo Hugo, sobre o ditador venezuelano Hugo Chávez; Procurando Fidel, sobre o ditador cubano Fidel Castro; W., baseado na vida do ex-presidente americano George W. Bush; Salvador, filme de ficção que retrata a guerra civil de El Salvador; South of the Border, que fala sobre a "revolução bolivariana" de Hugo Chávez; e Nixon, um drama biográfico sobre o ex-presidente dos EUA Richard Nixon.

Nazarbayev, 81 anos, comandou o seu país por 29 anos, até apontar pessoalmente o seu sucessor em 2019, e continua a ter influência no Cazaquistão, onde é chamado de "pai da nação". Ele deixou o poder como o mais longevo entre as autoridades comunistas que se tornaram ditadores nos países da Ásia Central após o colapso da União Soviética.

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