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O bronzeamento artificial continua popular entre os adolescentes norte-americanos, mas os cientistas continuam estudando sua relação com o câncer de pele | Jim Wilson/The New York Times
O bronzeamento artificial continua popular entre os adolescentes norte-americanos, mas os cientistas continuam estudando sua relação com o câncer de pele| Foto: Jim Wilson/The New York Times

A caminho de casa depois da aula, as gêmeas Alexandra e Samantha Van Dresser, de 17 anos, passaram no Tan Fever & Spa.

Elas queriam se bronzear antes do baile de formatura e o salão era a combinação perfeita de rapidez e preço bom: vinte minutos a US$7.

"A gente não tem tempo de ir à praia", explicou Alexandra, no ano passado.

O bronzeamento artificial pode parecer uma moda que desapareceu nos ano 80, mas ainda faz parte da adolescência norte-americana — e os salões continuam funcionando nos calçadões dos EUA, prometendo beleza e, em alguns casos, mais saúde, apesar da indicação, cada vez maior, de estar ligado ao câncer de pele.

Segundo a resenha da evidência científica publicada em 2014, o bronzeamento artificial causa 400 mil casos da doença nos EUA por ano, incluindo seis mil casos de melanoma, a variação mais agressiva.

"Estamos recebendo pacientes cada vez mais jovens. É um novo fenômeno", diz a Dra. Eleni Linos da University da Califórnia em San Francisco.

Muitos são os fatores, incluindo a genética, que predispõem a pessoa ao câncer, mas a exposição à luz ultravioleta é a responsável pela maioria dos casos e os cientistas estão tentando avaliar qual a influência do bronzeamento artificial nessa situação. Um painel de especialistas reunidos pela Organização Mundial de Saúde descobriu, em 2009, que a prática frequente antes dos trinta está associada a 75 por cento de aumento do risco de melanoma. De fato, a maioria dos estados impõe restrições ao uso do método por menores de idade, segundo o grupo de defesa e pesquisa baseado na Califórnia AIM at Melanoma. A pressão entre os membros de um mesmo grupo para se bronzear é grande. Sarah Hughes começou aos 16, geralmente repetindo a dose cinco vezes por semana.

"Em uma cidadezinha do sul do Alabama você não quer ser a diferente", afirma a moça, que hoje tem trinta anos.

Ela parou de se bronzear quando o médico diagnosticou melanoma em estágio avançado. No total, teve que remover 33 pintas, incluindo oito malignas, mas sobreviveu.

Não foi o caso de Brandi Dickey, de Fort Worth, no Texas. Sua mãe, Paula Pittsinger, culpa o hábito de se bronzear, que manteve dos 14 aos 28 anos, quando descobriu uma forma de câncer especialmente agressiva. Ela morreu em outubro passado, aos 33 anos.

"Quando você vê o impacto, as cirurgias no cérebro, as cicatrizes, quando vê o que o bronzeamento faz, aí sim percebe que não vale a pena", lamenta Paula.

Entretanto, muitas mulheres dizem nas entrevistas que sabem dos riscos, mas estão mais preocupadas com a aparência.

"Se eu desenvolver câncer de pele, lido com ele quando chegar o momento. Não dá para pensar nisso agora. Vou morrer de alguma coisa mesmo", diz Elizabeth LaBak, de 22 anos, estudante da Universidade Estadual de Westfield, em Massachusetts.

As gêmeas garantem que se protegem com filtro solar antes de proceder ao tratamento, mas a pressão para se manter bronzeado continua forte. Segundo Samantha: "É o que os adolescentes fazem".

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