Entrevista
A partir de local desconhecido, o fundador do WikiLeaks Julian Assange respondeu ontem a 15 perguntas de leitores do jornal The Guardian. Mais de 900 haviam sido enviadas.
Veja alguns trechos:
Internauta: Você tem passaporte australiano. Gostaria de voltar ao seu país?
Assange: Sou cidadão australiano e sinto muita falta de meu país. Mas, nas últimas semanas, a premier da Austrália, Julia Gillard (...) deixou claro que não só meu retorno é impossível como eles estão trabalhando ativamente para auxiliar o governo dos EUA em seu ataque a mim e minha equipe.
Internauta: Em que você acha que mudou as coisas no mundo?
Assange: Nos últimos quatro anos, uma de nossas metas tem sido exaltar as fontes que realmente correm riscos para dar qualquer furo jornalístico e sem cujos esforços os jornalistas não seriam nada. Se, como o Pentágono alega, o soldado Bradley Manning está realmente por trás de nossas divulgações recentes, então ele é sem dúvida um herói sem paralelo.
Fonte: The Guardian
Demissão
Primeira baixa ocorre na Alemanha
O vazamento dos mais de 250 mil telegramas diplomáticos secretos pelo WikiLeaks causou ontem a primeira baixa política entre envolvidos nas correspondências. Helmut Metzner, chefe de gabinete do ministro de Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, foi demitido por seu partido, o Liberal Democrático (FDP).
Ele admitiu ter passado, em 2009, detalhes das negociações para formação do novo governo da chanceler (premier) Angela Merkel, da CDU (União Democrata-Cristã), à Embaixada dos EUA.
Em telegramas, Westerwelle líder do FDP, que integra o governo é descrito como "inexperiente", "exuberante" e "selvagem", e Merkel, como avessa a riscos.
Membros do FDP sugeriram ainda que o embaixador americano, Philip Murphy, seja substituído pressão descartada pelo governo.
Também ontem, o premier turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu que especialistas do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) estudem possíveis ações legais contra o WikiLeaks e contra diplomatas dos EUA por telegramas relacionados à Turquia.
Despachos vazados informam que ele possui contas na Suíça, é autoritário e que odeia Israel.
Londres - Mesmo escondido da Interpol, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, voltou a atacar ontem os Estados Unidos. Disse que o país está por trás de ameaças contra sua vida e que não respeita a liberdade de expressão. Afirmou ainda que se alguma coisa acontecer com ele, documentos ainda não divulgados sobre os EUA e outros países serão publicados imediatamente.
Para Assange, a pessoa que entregou os documentos do governo americano para serem divulgados no site é um herói sem igual. Ele deu indicação forte de que se trata do soldado Bradley Manning, de 22 anos, um analista de inteligência do Exército americano que esteve no Iraque e está preso desde maio.
O militar enfrentará julgamento por supostamente copiar telegramas diplomáticos e pelo vazamento de relatórios sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque.
O fundador do WikiLeaks, que continua em lugar desconhecido, participou de uma sessão de perguntas e respostas com leitores do site do jornal The Guardian, do Reino Unido. Foram enviadas mais de 900 perguntas, mas ele respondeu a apenas 15.
Quando questionado se temia pela própria segurança, disse que sim e que está tomando as precauções necessárias porque está lidando com uma superpotência.
Depois, afirmou que aqueles que sugerem que deve ser caçado (como Sarah Palin, candidata a vice-presidente pelo Partido Republicano nas últimas eleições dos EUA e estrela da direita americana) ou morto (como Tom Flanagan, conselheiro do primeiro-ministro canadense) deveriam ser processados por incitar o seu assassinato.
Novas revelações
Ainda sobre a questão segurança, Assange disse que arquivos com documentos sobre os Estados Unidos e outros países ainda não revelados estão espalhados por vários países e com muitas pessoas.
Tudo seria divulgado imediatamente, segundo afirmou Assange, se alguma coisa acontecesse com ele.
Assange disse que a decisão da Amazon de não mais hospedar o WikiLeaks em seu servidor, após pressão do governo dos Estados Unidos, mostra que a liberdade de expressão é uma ficção no país.
"Desde 2007, temos deliberadamente usado servidores em jurisdições em que a gente suspeita que exista déficit de liberdade de expressão. A intenção é separar retórica de realidade. A Amazon foi um desses casos."
A maioria das perguntas trazia elogios a Assange. Alguns até perguntavam como fazer para doar dinheiro ao WikiLeaks.
Algumas eram apenas curiosas. Um leitor perguntou se ele tinha recebido documentos sobre objetos voadores não identificados.
Assange respondeu que alguns malucos mandam e-mails sobre extraterrestres ou dizendo que são o anti-Cristo.
Mas que em documentos da diplomacia americana a serem publicados, realmente há referências a óvnis.
Outro questionou se havia algo sobre répteis que estão andando por aí sob a pele de humanos, como afirma o escritor inglês David Icke. Essa não foi respondida.
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