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Polícia paraguaia protege fazenda de brasileiro: próximo à época de plantio, conflito entre sem-terra e agricultores se intensifica | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Polícia paraguaia protege fazenda de brasileiro: próximo à época de plantio, conflito entre sem-terra e agricultores se intensifica| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Posse

Índios afirmam ser donos de área de plantio

O conflito agrário em Mariscal López não é o único na região da fronteira de Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este. No distrito de Itakyry, a 70 quilômetros de

Foz do Iguaçu, cerca de 70 indígenas ocupam 2.638 hectares há nove meses sob alegação de que possuem título das terras, adquiridas pelo Instituto Paraguaio do Índio (Indi). A área compreende fazendas de um grupo de nove agricultores brasileiros e paraguaios. Eles alegam que as escrituras dos indígenas são frias.

No último dia 16, a Promotoria de Meio Ambiente do Paraguai afirmou que não ocorreu intoxicação na área, conhecida como assentamento Santo Tomás. Os índios acusavam agricultores brasileiros de terem usado um avião para jogar veneno neles, em episódio registrado em novembro. Após perícias feitas na aeronave e testes realizados por um laboratório, a intoxicação de 32 índios foi descartada.

A paz no campo ficou distante de agricultores radicados no Paraguai. No governo do atual presidente, Fernando Lugo, nem mesmo filhos de brasileiros nascidos no país vizinho têm passaporte livre para trabalhar. No distrito de Mariscal López, a 60 quilômetros da fronteira de Ciudad Del Este e Foz do Iguaçu, campesinos sem-terra atiram em agricultores e exigem 20% da produção de soja para deixá-los plantar.

A presença da polícia paraguaia nas lavouras não é suficiente para esvaziar o clima de guerra. O domínio do português e o sotaque ao falar o espanhol fazem dos filhos de imigrantes brasileiros alvo certeiro dos sem-terra.

O conflito em Mariscal López arrasta-se desde o início do ano e começou depois que um grupo de 60 campesinos invadiu uma área de 350 hectares pertencentes a 20 famílias de pequenos agricultores, a maioria filhos de imigrantes brasileiros. Cada família é proprietária de cerca de 15 a 20 hectares.

Os sem-terra se espalharam pela área, onde cultivam mandioca, montaram alguns acampamentos nas redondezas, invadiram casas e vigiam a plantação com auxílio de motocicletas. Ao sinal de qualquer tentativa de plantio por parte dos agricultores, a reação é imediata.

Foi o que aconteceu com Edson Andorfato, 35 anos. No dia 4 de dezembro ele levou um tiro de rifle quando fazia uma pulverização com um trator. O tiro pegou de raspão nas costas do agricultor que se abaixou para não ser atingido por mais disparos que deixaram marcas no trator. Cinco campesinos, incluindo três brasileiros, são acusados de praticar a tentativa de homicídio. Há dois meses, Andorfato tenta plantar soja em uma área de 30 hectares. "Se nós pagamos deixam plantar, se não pagamos não plantamos", diz.

Permuta forçada

Na semana passada, os agricultores disseram ter sido pressionados pelos campesinos para repassar 20% da produção em troca de paz. Indignados, os agricultores dizem que contraíram dívidas ao longo do ano e acumulam prejuízos.

Os agricultores alegam possuir título das propriedades, que está em nome de uma espécie de cooperativa, a Coordenação Vicinal São Roque González Santa Cruz. A área total pertencente ao grupo é de 2.015 hectares, mas os campesinos brigam apenas por 350 hectares que estão em nome dos paraguaios, filhos de brasileiros.

O presidente da Coordenadora Agrícola do Paraguai, filial Caagazú, Hermes Aquino, diz que é preciso apoio e proteção aos agricultores estrangeiros no Paraguai, incluindo brasileiros, alemães, italianos e menonitas, que estão sendo perseguidos. "Um país que não produz não tem futuro. Foi o presidente da república que instalou o problema", dispara.

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