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Oleg Orlov, um renomado ativista de direitos humanos e copresidente do grupo Memorial, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, pode ser condenado a quase três anos de prisão por criticar a invasão russa na Ucrânia. Orlov atualmente está sendo acusado pela promotoria da Rússia, que nesta segunda-feira (26) pediu uma pena de três anos contra ele, por “desacreditar” o exército do país em uma coluna publicada no site francês de notícias Mediapart.
Orlov, de 70 anos, já havia sido multado em outubro de 2023 após um primeiro julgamento sobre o caso, mas os promotores não ficaram satisfeitos e pediram uma nova audiência contra ele. O ativista compareceu ao tribunal nesta segunda-feira acompanhado de sua esposa, outros ativistas, familiares e diplomatas de mais de uma dezena de países que vieram apoiá-lo.
Orlov disse em uma entrevista recente que não fazia ideia do que esperar do resultado do novo julgamento, mas se recusou a deixar a Rússia.
“Não há escolha. Temos que continuar a luta”, afirmou ele, acrescentando que sua carreira dedicada a trabalhar na memória histórica dos crimes e abusos de direitos humanos durante o período soviético na Rússia não lhe deixou outra opção senão fazer campanha contra a invasão na Ucrânia.
Orlov é mais um alvo da repressão do Kremlin contra opositores, que se intensificou desde a invasão da Rússia na Ucrânia. Ele é uma rara exceção entre os críticos de alto perfil do governo de Vladimir Putin, muitos dos quais estão presos ou vivem no exílio, que ainda está dentro da Rússia e por enquanto permanece livre.
O grupo Memorial foi estabelecido como uma peça-chave da sociedade civil russa ao preservar a memória das vítimas da repressão comunista e fazer campanha contra as violações de direitos. A organização foi dissolvida oficialmente pelas autoridades russas no final de 2021 e ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2022 junto com um proeminente grupo de direitos humanos ucraniano e um veterano ativista de Belarus.
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