Argumento
Ícone italiano existe "além do uso prático", afirma engenheiro
Os italianos, a princípio, não são contra usar monumentos antigos como cenários para entretenimento.
A arena de Verona, um anfiteatro romano, atrai milhares de pessoas durante as férias para uma série de óperas.
Em Roma, espetáculos são realizados nas Termas de Caracalla e o próprio Coliseu já abrigou performances, além de ser visitado todos os anos pelo papa durante a Via Crúcis.
O monumento, contudo, desfruta de um status único como o mais predominante símbolo não apenas de Roma, mas da Itália, tornando sensível qualquer discussão sobre alterações na estrutura dele.
"É tão importante e volumoso na sua presença que transformá-lo num local onde você executa uma ópera é abaixo de sua dignidade", afirmou Giorgio Croci, engenheiro civil e um dos principais especialistas italianos no assunto.
"A imagem do Coliseu existe além do uso prático. Ele precisa continuar um ícone, um ponto de referência com toda sua história e seu passado", disse Croci.
A proposta de um arqueólogo para que o Coliseu volte a ter parte da aparência que tinha quando era cenário de lutas entre gladiadores e leões gerou um debate acalorado sobre o uso apropriado do monumento, que simboliza a glória da Roma Antiga.
Os críticos alegam que o Coliseu se transformaria em um local para eventos como espetáculos de rock, algo inapropriado devido à fragilidade da estrutura.
O novo uso poderia causar danos à construção já enfraquecida por terremotos, principalmente o ocorrido em 443 e, mais recentemente, no século 18.
Esplendor
O arqueólogo Daniele Manacorda, da universidade Roma Tre, afirmou que a sugestão de construir o piso tem como objetivo dar ao Coliseu o estado original.
Dessa forma, os visitantes poderiam apreciar melhor o antigo esplendor do Coliseu de Roma. O plano não seria transformá-lo numa sala de concertos frequentada por multidões.
"É a ideia mais normal do mundo", afirmou o arqueólogo Manacorda.
A proposta estava escondida dentro da edição de julho do jornal especializado Archeo, até que o ministro da Cultura italiano deu apoio à ideia em um comentário no microblog Twitter.
"Só precisa de um pouco de coragem", afirmou Dario Franceschini na rede social.
Muito rápido, o ministro se viu rechaçando fantasias modernas, como do presidente do time A.C. Roma para a realização de partidas de futebol na arena, ao mesmo tempo que defende a proposta de Manacorda.
"Onde está escrito que você não pode proteger o valor do Coliseu enquanto o torna mais dinâmico e útil?", questionou Franceschini. A proposta é submetida a estudos de custos e de viabilidade.
Os visitantes que entram no Coliseu hoje podem olhar para baixo dentro do labirinto do estádio e ver os locais onde os ursos e leões ficavam enclausurados e onde os gladiadores se preparavam para as batalhas mortais.
Esses espaços utilitários foram cobertos por pisos de madeira durante os quase cinco séculos em que o Coliseu funcionou como um centro de entretenimento, com espetáculos incluindo caçadas de animais exóticos e recriação de batalhas.
Ano
O Coliseu, em Roma, foi construído entre os anos 70 e 90 (d.C.). E teria sido inaugurado pelo imperador Tito por volta do ano 80. Nos séculos 5º e 18, a estrutura sofreu danos causados por terremotos.
Escavações
Com o término das escavações no Coliseu que eliminaram o piso do local , há quem defenda o restauro do monumento. A proposta não prevê a reconstrução dos assentos do estádio.
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