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Acampado escova os dentes em barraca no centro de Londres. Manifestantes prometem permanecer no local enquanto não forem ouvidos | Carl Court/AFP
Acampado escova os dentes em barraca no centro de Londres. Manifestantes prometem permanecer no local enquanto não forem ouvidos| Foto: Carl Court/AFP

Resistência

"Indignados" mantêm acampamento no centro de Londres

Um grupo de manifestantes que apoiam o movimento "Ocupe Wall Street" manteve ontem seu acampamento em frente às escadas da catedral de St. Paul, no coração de Londres. Os integrantes da manifestação, que chegaram ao local no sábado, disseram que vão continuar indefinidamente seus protestos contra a crise e o sistema financeiro mundial.

"Capitalismo é crise", dizia um grande cartaz preso nas cerca de 70 barracas, enquanto em uma parede podia-se ler "Praça Tahrir", comparando o local à grande esplanada do centro do Cairo, Egito, onde os contínuos protestos de milhares de manifestantes derrubaram do poder o presidente Hosni Mubarak no início do ano.

"Embora estejamos em uma democracia, a maioria das pessoas tem a impressão de que sua voz não é ouvida", explicou Danielle Allen, uma professora desempregada de 25 anos. "Estamos tentando educar as pessoas e mostrar a elas quão corrupto é o sistema bancário", acrescentou.

Na Itália, no último sábado, uma manifestação que começou pacífica acabou com 35 pessoas feridas e prejuízos superiores a 1 milhão de euros. A previsão, segundo autoridades, é que 12 manifestantes detidos pela polícia devem ser levados a julgamento. O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, acrescentou que os responsáveis pelos tumultos serão punidos. Carros e um depósito do Exército, no centro de Roma, foram incendiados. Bancos e lojas se tornaram alvos de ataques.

China vê momento de reflexão

O Ministério das Relações Exteriores da China, Liu Weimin, disse ontem que os protestos mundiais em apoio ao movimento "Ocupe Wall Street" geraram uma "reflexão" importante.

"Acreditamos que há muitas questões aí sobre as quais as pessoas deveriam pensar", disse o porta-voz do ministério chinês, Liu Weimin.

A China é uma ditadura que não permite protestos, mas está em guerra verbal com os Estados Unidos por causa da cotação de sua moeda.

Weimin ponderou, porém, que a reflexão deve ser focada para garantir a continuidade do crescimento econômico mundial.

Apesar das declarações favoráveis das autoridades e da mobilização de militantes em redes so­­ciais, não aconteceram manifestações em solidariedade ao "Ocupe Wall Street" em território chinês, com exceção de Hong Kong.

Os "indignados" de Wall Street estão acampados há um mês no Parque Zuccotti, em Nova York. O movimento já conseguiu mobilizar a opinião pública mundial e angariar recursos, apesar de não ter uma demanda específica. No último fim de semana, atos de apoio foram registrados em 82 países.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu aos líderes políticos que escutem a mensagem propagada pelos manifestantes.

Exatamente um mês depois de algumas centenas de ativistas anticapitalismo terem montado um acampamento em Nova York, o "Ocupe Wall Street" se internacionalizou e ganhou atenção da Casa Branca, apesar de ninguém saber quais serão os próximos passos do movimento.

Os manifestantes dos acampamentos da Praça Zuccotti, perto de Wall Street, principal centro financeiro do mundo, não apenas conseguiram suprir as necessidades básicas de uma comunidade a céu aberto – criando, por exemplo, uma estação para carregar celulares e uma livraria – como receberam US$ 275 mil dólares em doações, de acordo com Dar­­rell Prince, porta-voz do protesto.

O próximo grande evento de­­verá ocorrer no sábado, que será o "Dia Nacional de Protesto contra a Brutalidade Policial", de acordo com o site occupywallst.org.

Superando expectativas, o movimento já teve um grande impacto, espalhando manifestações semelhantes por todo os Estados Unidos, Europa e vários países de outros continentes, com a mesma mensagem contra as desigualdades sociais entre o 1% do topo da pirâmide e os 99% restantes.

Apesar de os números ainda serem relativamente pequenos – a maior manifestação reuniu cerca de 20 mil pessoas –, os políticos passaram a prestar atenção no movimento, enquanto se aproximam as eleições de 2012.

O presidente Barack Obama orientou os democratas a apoiar o movimento. Seu porta-voz disse no domingo que Obama citará a necessidade de garantir que "o interesse de 99% dos norte-americanos estará sendo bem representado", em um discurso de campanha durante uma viagem a Ca­­rolina do Norte e Virgínia nesta semana. A citação é claramente uma referência ao slogan dos protestos, que é "nós somos os 99%".

Por outro lado, os candidatos republicanos à Presidência têm sido severos em seus ataques ao grupo, mas admitem que o movimento se tornou muito grande para ser ignorado.

Luther King

O último impulso dado ao "Ocupe Wall Street" ocorreu no sábado, quando Martin Luther King III, filho do ícone da luta dos direitos civis Martin Luther King Jr., afirmou na inauguração de um memorial em Washington que se seu pai estivesse vivo, ele se uniria ao protesto.

"Nós ajudamos a indústria automobilística, e nós precisávamos fazer isso. Nós ajudamos Wall Street. Agora é hora de ajudar os trabalhadores dos EUA. Acredito que se meu pai estivesse vivo, ele estaria aqui, com todos aqueles que estão envolvidos com esse protesto hoje", disse.

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