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Ativistas realizam protesto contra barragens de hidroelétricas, em Marselha, na França | Anne-Christine Poujoulat/AFP
Ativistas realizam protesto contra barragens de hidroelétricas, em Marselha, na França| Foto: Anne-Christine Poujoulat/AFP

Recurso

Produzir uma xícara de café demanda 140 litros de água

A produção de uma xícara de café exige 140 litros de água, anunciou a organização de proteção do meio ambiente Fundo Mundial para a Natureza (WWF), em comunicado divulgado ontem à margem do Fórum Mundial da Água, celebrado em Marselha, sul da França.

A organização ambientalista aplicou um indicador elaborado pela Universidade de Twente, na Holanda, para registrar a "pegada hídrica" da xícara de café, que leva em conta o impacto de toda a cadeia de produção na fonte de água doce.

O cálculo de 140 litros para uma xícara de café compreende, segundo a organização, a água usada no cultivo do pé de café, na colheita, no transporte, na venda e no preparo.

O indicador inclui ainda o volume de água necessário para a fabricação da xícara em que se bebe o café. Se forem adicionados leite e açúcar ao café e se um copo de plástico for empregado para servir a bebida, "a pegada hídrica" de uma xícara de café passará para 200 litros, com variantes se o açúcar for branco, procedente da beterraba, ou mascavo, da cana-de-açúcar, acrescentou.

O Fórum Alternativo Mundial da Água teve início ontem em Mar­­selha com críticas à gestão pública da água e denúncias contra as grandes represas, como a de Ji­­rau, no Brasil, que consideram "nefastas para as po­­pulações lo­­cais e para o ecossistema do planeta".

Cerca de 2,5 mil ecologistas e defensores dos direitos humanos de todo o mundo se reuniram na cidade do sul da França para participar do Fórum Alternativo Mun­­dial da Água (Fame), que é realizado paralelamente ao Fó­­rum Mun­­dial da Água, onde se en­­­­contram res­­ponsáveis governamentais e líderes de grandes em­­presas da água.

O Fame busca "avançar na implantação do direito humano à água em nível nacional e regional", propondo "formas públicas na gestão da água que se contrapõem à privatização da gestão da água impulsionada pelo fórum oficial", anunciaram seus organizadores.

Antes da inauguração do Fó­­rum Alternativo, uma centena de ativistas demonstraram sua oposição a alguns dos grandes programas propostos no "Fórum oficial" para aliviar a pressão sobre a água doce, que está aumentando devido à mudança climática e ao au­­mento da população mundial.

Simulando um rio que representa a vida e uma grande represa inflável que causa inundação de terras e mata a população e o ga­­do, uma centena de ativistas criticou a construção de barragens em um ato na estação central de metrô de Marselha, sul da França.

Os militantes das associações Ecologistas em Ação e Engenharia Sem Fronteiras explicaram que pretendiam chamar a atenção "sobre o impacto social e no ecossistema da construção de grandes reservatórios, como os que estão projetados na Patagônia chilena".

Essas represas "são projetos ex­­tremamente caros, que inundam grandes extensões de terras cultivadas e bosques e significam a destruição irreversível de aldeias inteiras e dos meios de subsistência de milhares de pessoas", explicou a espanhola Lidia Serrano.

"Além disso, não são projetos ‘verdes’, como dizem seus promotores, mas que aceleram as mu­­danças climáticas", acrescentou a ativista que participou do protesto, no qual militantes agitavam cartazes onde era possível ler: "A água, como a vida, não é uma mercadoria".

O ato no centro de Marselha foi organizado por ocasião do "Dia mundial dos rios e contra as represas", proclamado pela organização Amigos da Terra, e para coincidir com a abertura do Fórum Alternativo Mundial da Água, que reúne a sociedade civil com a meta de "debater e construir alternativas que deem soluções à crise da água".

A represa de Jirau está sendo construída pela GDF Suez (da qual o governo francês de­­tém 36% das ações) sobre o rio Madeira no Brasil. Para os ativistas Amigos da Terra, é um projeto que ameaça várias co­­munidades locais e seus meios de subsistência.

"Em vez disso, existem ou­­tras técnicas que permitem produzir uma energia que responda às necessidades da po­­pulação, como a energia solar térmica, geotérmica, eólica", afirma o grupo.

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