
Em poucos meses, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, despedaçou muitas suposições europeias sobre o futuro do continente. Os governos da Europa ainda estão com dificuldades para assimilar as atitudes do russo.
"A tomada da Crimeia por Putin ameaça os esforços europeus que ocorrem desde o fim da Primeira Guerra Mundial para impedir mudança territorial por meio da força", diz Fiona Hill, especialista em Rússia da Brookings Institution e autora de uma biografia do líder russo. Ela assinala que 20 anos de conjecturas sobre a continuidade da integração europeia foram transformados nas cabeças dos líderes da União Europeia.
Putin está "nos dizendo que não acredita neste empreendimento", diz ela. O objetivo de sua estratégia, afirma Fiona, é aquele em que a primazia da Rússia na sua vizinhança é reconhecida. "Eu não consigo ver como esse xeque-mate será aceitável para o resto da Europa".
Uma autoridade alemã na União Europeia (UE) compara a Rússia sob Vladimir Putin com a República de Weimar ao emergir da turbulência econômica, sentindo-se injustamente constrangida e insultada por vizinhos e assumindo a responsabilidade por aqueles com laços linguísticos em estados próximos.
Fracasso
No lançamento de um novo livro esta semana, Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu e, portanto, o homem que preside as cúpulas europeias, disse que os esforços fracassados da UE no ano passado para assinar um acordo comercial e de ajuda com a Ucrânia o gatilho para a crise subsequente foram conduzidos sem "objetivo geopolítico e estratégico".
Esta revelação foi feita para sugerir que a Rússia teve uma reação exagerada a uma iniciativa inocente da UE. Mas, para os críticos, ela demonstra uma abordagem europeia que precisa mudar.
A UE "caminhou sonâmbula para isso" e foi "brutalmente ingênua", diz Jan Techau do instituto Carnegie Europa. No futuro, a política da UE para com os países que a Rússia considera sua área de interesses como Ucrânia, Bielo-Rússia e Geórgia "não pode ser executada por tecnocratas", afirma.



