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Vladimir Putin retoma método que a Europa evita desde o fim da Primeira Guerra Mundial: uso de força para tomar territórios | Michael Klimentyev/Reuters
Vladimir Putin retoma método que a Europa evita desde o fim da Primeira Guerra Mundial: uso de força para tomar territórios| Foto: Michael Klimentyev/Reuters

Consequências

Economia russa sofre efeitos da crise externa, mas presidente tem apoio

Alguns observadores acreditam que a Rússia já foi prejudicada economicamente e argumentam que mais pressão econômica deve ser exercida. Ivo Daalder, chefe do Conselho de Chicago para Assuntos Globais, pede uma estratégia de contenção econômica em relação à Rússia semelhante à defendida pelo diplomata norte-americano George Kennan contra a União Soviética em 1946.

A disposição de Moscou de usar o gás como uma ferramenta política em disputas anteriores com a Ucrânia já havia contribuído para um declínio na participação de mercado do gás natural russo na Europa. Alguns especialistas esperam que a tendência continue, com usuários europeus de gás enxergando os riscos da dependência de um fornecedor.

Intimidação

A economia da Rússia sofreu uma fuga de capitais que atingiu o rublo e levou a um aumento das taxas de juros. O mercado de ações despencou.

Potenciais investidores corporativos estrangeiros podem ficar longe ou reduzir investimentos, alguns intimidados pela perspectiva de sanções ocidentais e outros por uma possível retaliação russa. Os esforços da Rússia para diversificar sua economia além dos setores de energia e matérias-primas parecem destinados a ser ainda mais prejudicados. Não está claro se uma economia russa com problemas influenciaria Putin. Isso parece muito pouco provável no curto prazo, pois o líder russo está em uma onda de apoio popular.

Novatos

Os novos membros da UE no Leste Europeu, especialmente Polônia, Romênia e os três Estados bálticos, estão muito nervosos com a possibilidade de agressão russa, embora países como a Hungria e a Eslováquia pareçam menos preocupados. No outro lado da Europa, Espanha e Itália – distantes da ação – parecem ser os menos preocupados de todos.

Militar

Iniciativas militares não são vistas como solução para a crise por nenhum governo militar. Poucas autoridades esperam um forte aumento nos gastos militares por parte dos países da Otan, exceto, talvez, por alguns países do Leste Europeu. Muitos governos ainda têm de manter os orçamentos apertados após a crise da dívida da Europa.

Em poucos meses, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, despedaçou muitas suposições europeias sobre o futuro do continente. Os governos da Europa ainda estão com dificuldades para assimilar as atitudes do russo.

"A tomada da Crimeia por Putin ameaça os esforços europeus que ocorrem desde o fim da Primeira Guerra Mundial para impedir mudança territorial por meio da força", diz Fiona Hill, especialista em Rússia da Brookings Institution e autora de uma biografia do líder russo. Ela assinala que 20 anos de conjecturas sobre a continuidade da integração europeia foram transformados nas cabeças dos líderes da União Europeia.

Putin está "nos dizendo que não acredita neste empreendimento", diz ela. O objetivo de sua estratégia, afirma Fiona, é aquele em que a primazia da Rússia na sua vizinhança é reconhecida. "Eu não consigo ver como esse xeque-mate será aceitável para o resto da Europa".

Uma autoridade alemã na União Europeia (UE) compara a Rússia sob Vladimir Putin com a República de Weimar ao emergir da turbulência econômica, sentindo-se injustamente constrangida e insultada por vizinhos e assumindo a responsabilidade por aqueles com laços linguísticos em estados próximos.

Fracasso

No lançamento de um novo livro esta semana, Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu e, portanto, o homem que preside as cúpulas europeias, disse que os esforços fracassados da UE no ano passado para assinar um acordo comercial e de ajuda com a Ucrânia – o gatilho para a crise subsequente – foram conduzidos sem "objetivo geopolítico e estratégico".

Esta revelação foi feita para sugerir que a Rússia teve uma reação exagerada a uma iniciativa inocente da UE. Mas, para os críticos, ela demonstra uma abordagem europeia que precisa mudar.

A UE "caminhou sonâmbula para isso" e foi "brutalmente ingênua", diz Jan Techau do instituto Carnegie Europa. No futuro, a política da UE para com os países que a Rússia considera sua área de interesses – como Ucrânia, Bielo-Rússia e Geórgia – "não pode ser executada por tecnocratas", afirma.

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