
Os serviços de resgate encontraram mais corpos ontem, na região de Krasnodar, no sudoeste de Rússia, onde chuvas torrenciais e inundações ocorridas entre sexta-feira à noite e a madrugada de sábado deixaram 171 mortos confirmados até o momento.
O presidente Vladimir Putin ordenou uma investigação e ajudas imediatas. O comitê de investigação local, citado pela agência de notícias russa Interfax, disse que foi encontrado hoje o corpo de uma menina de oito anos na pequena cidade de Krymsk, elevando para 159 o número de mortos nesta localidade, que foi a mais atingida. Nove corpos foram encontrados desde que começou a inundação na estação balneária de Gelendjik e o balanço foi elevado para três mortos no porto vizinho de Novorossiisk, o mais importante da costa russa do Mar Negro.
A imprensa e os resgatistas do local temem que a lista de falecidos aumente ainda mais à medida que a água retroceda e os serviços de resgate avançavam em seu trabalho. "Abrimos as casas: cadáveres", explicou pela noite o prefeito de Krymsk, Vassili Kroutko, que esteve reunido com Putin. O presidente decretou um dia de luto nacional hoje.
A zona apresentava ontem uma paisagem de desolação, com árvores ou partes de casas caídos ou veículos tombados. "Tiramos os escombros como pudemos, ainda não recebemos nenhuma ajuda", disse a habitante local, Irina Morgounova. Segundo as autoridades locais mais de 12 mil habitantes e 4 mil casas foram afetadas pelo desastre neste distrito, que conta com 60 mil pessoas.
As chuvas pegaram os habitantes desprevenidos, mas muitos russos dizem que tantas mortes podem ser o resultado de uma comporta aberta num reservatório de água. As autoridades negam essas afirmações. Choveu em Gelendzhik em 24 horas o correspondente a cinco meses, segundo a administração local. Em Novorossiisk, o maior porto da Rússia no Mar Negro, as chuvas de 24 horas corresponderam a dois meses. Uma célula de emergência foi formada para tentar colocar a situação sob controle, segundo um funcionário do porto, Mikhail Sidorov.
"Como um tsunami"
O presidente Vladimir Putin, cuja residência de verão se encontra a 200 km ao sul, próximo à estação balneária de Sotchi, se dirigiu ao local no sábado à noite. "É como um tsunami!", disse, ao observar a região inundada de Krasnodar de helicóptero junto ao governador, Alexander Tkatchev. Muitos habitantes afirmaram que não foram advertidos e que foram pegos de surpresa pela inundação à noite, entre 2 e 4 horas da madrugada de sábado. Putin prometeu uma ajuda financeira para as moradias destruídas e indenizações, da ordem de 2 milhões de rublos (50 mil euros) para cada família.
A área, na região de Krasnodar, 1,2 mil km a sul de Moscou, é frequentemente atingida por chuvas sazonais. Mas autoridades locais disseram que o desastre foi um choque. "Ninguém se lembra de enchentes como esta em nossa história", afirmou o governador Tkatchev, enquanto visitava as áreas alagadas. "Não ocorreu algo do tipo nos últimos 70 anos."



