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Moradores da cidade de Krymsk observam rio inundado. Pior enchente no sudoeste da Rússia nos últimos 70 anos deixou pelo menos 170 mortos | Mikhail Mordasov/AFP
Moradores da cidade de Krymsk observam rio inundado. Pior enchente no sudoeste da Rússia nos últimos 70 anos deixou pelo menos 170 mortos| Foto: Mikhail Mordasov/AFP

Investigação

Infraestrutura antiga pode ter contribuído para o desastre

Agência Estado

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou ontem investigações para determinar se era possível ter feito mais para evitar as mortes de pelo menos 170 pessoas nas enchentes na região do Mar Negro. Putin, criticado nos últimos anos por respostas lentas ou indiferença em relação a desastres, viajou até a área comprometido a mostrar que está cuidando da situação.

Ele ordenou que o chefe da agência de investigação da Rússia descubra se foi feito o suficiente para alertar as pessoas sobre as enchentes. Promotores federais também disseram que estão analisando se a população foi protegida adequadamente das "catástrofes naturais e tecnológicas". A Rússia tem assistido a uma série de desastres naturais e provocados pelo homem nos últimos anos, em que a infraestrutura antiga e a falta de leis de segurança têm sido apontadas como culpadas.

Os serviços de resgate encontraram mais corpos ontem, na região de Krasnodar, no sudoeste de Rússia, onde chuvas torrenciais e inundações ocorridas entre sexta-feira à noite e a madrugada de sábado deixaram 171 mortos confirmados até o momento.

O presidente Vladimir Pu­­tin ordenou uma investigação e ajudas imediatas. O comitê de investigação local, citado pela agência de notícias russa Interfax, disse que foi encontrado hoje o corpo de uma menina de oito anos na pequena cidade de Krymsk, elevando para 159 o número de mortos nesta localidade, que foi a mais atingida. Nove corpos foram encontrados desde que começou a inundação na estação balneária de Gelendjik e o balanço foi elevado para três mortos no porto vizinho de Novorossiisk, o mais importante da costa russa do Mar Negro.

A imprensa e os resgatistas do local temem que a lista de falecidos aumente ainda mais à medida que a água retroceda e os serviços de resgate avançavam em seu trabalho. "Abrimos as casas: cadáveres", explicou pela noite o prefeito de Krymsk, Vassili Kroutko, que esteve reunido com Putin. O presidente decretou um dia de luto nacional hoje.

A zona apresentava ontem uma paisagem de desolação, com árvores ou partes de casas caídos ou veículos tombados. "Tiramos os escombros como pudemos, ainda não recebemos nenhuma ajuda", disse a habitante local, Irina Morgounova. Segundo as autoridades locais mais de 12 mil habitantes e 4 mil casas foram afetadas pelo desastre neste distrito, que conta com 60 mil pessoas.

As chuvas pegaram os habitantes desprevenidos, mas muitos russos dizem que tantas mortes podem ser o resultado de uma comporta aberta num reservatório de água. As autoridades negam essas afirmações. Choveu em Gelendzhik em 24 horas o correspondente a cinco meses, segundo a administração local. Em Novorossiisk, o maior porto da Rússia no Mar Negro, as chuvas de 24 horas corresponderam a dois meses. Uma célula de emergência foi formada para tentar colocar a situação sob controle, segundo um funcionário do porto, Mikhail Sidorov.

"Como um tsunami"

O presidente Vladimir Pu­­tin, cuja residência de verão se encontra a 200 km ao sul, próximo à estação balneária de Sotchi, se dirigiu ao local no sábado à noite. "É como um tsunami!", disse, ao observar a região inundada de Krasnodar de helicóptero junto ao governador, Alexander Tkatchev. Muitos habitantes afirmaram que não foram advertidos e que foram pegos de surpresa pela inundação à noite, entre 2 e 4 horas da madrugada de sábado. Putin prometeu uma ajuda financeira para as moradias destruídas e indenizações, da ordem de 2 milhões de rublos (50 mil euros) para cada família.

A área, na região de Kras­­nodar, 1,2 mil km a sul de­­ M­­oscou, é frequentemente atin­­gida por chuvas sazonais. Mas autoridades locais disseram que o desastre foi um choque. "Ninguém se lembra de enchentes como esta em nossa história", afirmou o governador Tkatchev, enquanto visitava as áreas alagadas. "Não ocorreu algo do tipo nos últimos 70 anos."

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