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Alexander Litvinenko, o ex-agente morto em Londres no mês passado, era um ex-guarda de prisão tão mau-caráter que foi demitido da agência de segurança russa quando ela era comandada pelo atual presidente do país, Vladimir Putin, afirmou o ministro da Defesa russo, Sergei Ivanov.

A morte lenta e agonizante de Litvinenko por envenenamento causado por radiação deu origem a uma investigação policial internacional quando o ex-agente acusou Putin de assassinato, o que o Kremlin considera ``absurdo''.

Ivanov, em raro comentário de uma autoridade russa sobre o caso, disse que Litvinenko nunca teve acesso a informações importantes.

``Ele nunca foi um espião e nunca soube nada de real valor para informar qualquer serviço (de inteligência estrangeiro)'', disse Ivanov a correspondentes internacionais, em um jantar na sexta-feira.

``Quando Putin demitiu Litvinenko, ele sabia que havia muitas alegações de que Litvinenko havia infringido a lei.''

Putin era o chefe do FSB (Serviço Federal de Segurança) na época, parte de um breve mandato que durou de julho de 1998 até agosto de 1999. Ivanov trabalhou sob seu comando como vice-diretor, em uma carreira de 25 anos na inteligência russa, que terminou quando Putin o indicou para o Ministério da Defesa, em 2001.

O porta-voz de Ivanov esclareceu a repórteres depois que Litvinenko foi demitido durante o mandato de Putin na agência e não pessoalmente por Putin.

Ivanov disse que a descrição dos repórteres ocidentais de Litvinenko como um espião assassinado pela KGB o lembram da propaganda da Guerra Fria.

``Para nós, Litvinenko não era nada'', disse. ``Não nos importamos com o que ele disse ou escreveu em seu leito de morte.''

Altos oficiais russos ressaltaram que, se Moscou tivesse como alvo um ex-agente traidor, haveria candidatos muito mais óbvios do que o relativamente desconhecido Litvinenko.

Eles citaram em particular Oleg Gordievsky, um alto espião da KGB radicado em Londres, que foi para o Ocidente em 1985, causando um sério dano à inteligência soviética.

Ivanov disse que Litvinenko trabalhou em uma unidade especial do Ministério do Interior cuja função era acompanhar guardas de prisão e que surgiram questões sobre sua integridade e honestidade.

``Ele não tinha treinamento, pouco intelecto e uma tendência à provocação'', comentou Ivanov. ``Seu caráter não era correto.''

O ministro da Defesa disse que Litvinenko foi recrutado para o FSB na época em que um grande número de ex-agentes bem treinados havia pedido demissão para trabalhar no setor privado e a agência tinha problemas em encontrar pessoal especializado.

A mídia russa havia informado anteriormente que Litvinenko trabalhou numa agência do FSB criada para combater o crime organizado nos negócios, organização que foi desmontada após alguns anos sem resultados significativos.

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