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Putin esteve nesta sexta-feira (24) em Belarus, onde se encontrou com o ditador aliado Alexander Lukashenko (à direita)
Putin esteve nesta sexta-feira (24) em Belarus, onde se encontrou com o ditador aliado Alexander Lukashenko (à direita)| Foto: EFE/EPA/MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN

O ditador da Rússia, Vladimir Putin, se disse nesta sexta-feira (24) favorável à retomada das negociações de paz com a Ucrânia, embora tenha expressado dúvidas sobre a legitimidade do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cujo mandato para o qual foi eleito expirou em 20 de maio. Por seu lado, Kiev manifestou ceticismo com a proposta.

“As negociações de paz devem ser retomadas, não com um ultimato, mas com bom senso”, disse Putin em entrevista coletiva em Minsk, capital de Belarus.

Putin convidou a Ucrânia a voltar à mesa de negociações, mas advertiu que o objetivo final das conversas deve ser “a assinatura de documentos juridicamente vinculantes”.

Ele afirmou que a Ucrânia já assinou um documento desse tipo no final de março de 2022, em Istambul, mas retirou a assinatura sob pressão do Ocidente.

“Mais uma vez, fala-se de um retorno às negociações. Que retornem! Mas que voltem não com base no que um lado quer, mas com base na situação atual no terreno. Estamos prontos”, declarou.

Putin perguntou: “Com quem negociar? Essa não é uma questão trivial. A Rússia está ciente de que a legitimidade do atual chefe de Estado [ucraniano] expirou”, comentou.

“Acredito que um dos objetivos da conferência que foi anunciada na Suíça é que a comunidade ocidental, os patrocinadores do atual regime em Kiev, confirmem a legitimidade do chefe de Estado, vigente ou não”, analisou.

Putin enfatizou que, quando chegar a hora, Moscou deve ter “certeza absoluta” de que está em diálogo com um “poder legítimo”. As eleições na Ucrânia foram suspensas porque a Constituição do país determina que não devem ser realizadas em tempos de guerra.

Putin fez essa declaração no momento em que as tropas russas ganham terreno tanto no Donbass quanto na segunda frente que o Exército russo abriu, na região nordeste de Kharkiv.

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, atribuiu a suposta disposição de Putin ao receio de que seja bem-sucedida a Cúpula de Paz que será mediada por Kiev na Suíça em junho.

“Por que as fontes russas estão repentinamente dizendo à imprensa que Putin está pronto para parar a guerra com as linhas atuais do campo de batalha? É simples. Putin está tentando desesperadamente inviabilizar a Cúpula de Paz de 15 e 16 de junho na Suíça”, escreveu Kuleba em sua conta na rede social X.

O chanceler ucraniano estava se referindo a reportagens da imprensa internacional que citavam quatro fontes russas dizendo que Putin estaria disposto a interromper as hostilidades se a Ucrânia e o Ocidente concordassem em congelar o conflito.

Kuleba disse que “Putin não tem a intenção, no momento, de interromper a agressão contra a Ucrânia”. De acordo com o ministro ucraniano, o ditador russo teme que a cúpula suíça resulte em uma mensagem de “unidade” de “uma maioria global” que o forçará a “optar pela paz em vez da guerra”.

“É isso que a Cúpula da Paz pretende alcançar. E é isso que ele teme”, reiterou Kuleba.

Com a cúpula na Suíça, a Ucrânia busca obter o apoio do maior número possível de líderes mundiais para a sua chamada Fórmula da Paz, um documento de dez pontos que pede, entre outras coisas, a retirada das tropas russas da Ucrânia, a libertação de todos os prisioneiros de guerra e a restauração da segurança energética e alimentar ameaçada pela invasão russa.

“O entorno deles envia esses falsos sinais de sua suposta prontidão para um cessar-fogo, apesar do fato de que as tropas russas continuam a atacar brutalmente a Ucrânia, enquanto seus mísseis e drones caem sobre cidades e comunidades ucranianas”, acrescentou Kuleba.

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