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Mais museus hospedam bailarinos. Uma performance no Instituto de Arte Contemporânea (ICA) em Boston | ICA Boston
Mais museus hospedam bailarinos. Uma performance no Instituto de Arte Contemporânea (ICA) em Boston| Foto: ICA Boston

Em uma noite recente no New Museum em Nova York, a porta do elevador se abriu em uma galeria no quinto andar onde acontecia uma aula de pole dancing. Alguns visitantes pareciam confusos e procuravam a saída, mas muitos outros se reuniram para assistir aos dançarinos Brennan Gerard e Ryan Kelly aprendendo movimentos extenuantes e hipnóticos — o tipo mais frequentemente praticado por strippers ou artistas adolescentes no metrô.

Os dois são artistas em residência na temporada de "Choreography" do museu, em que exploram como a raça, a classe social e a sexualidade interagem no pole dancing. Sua pesquisa culminou com a estreia no início de fevereiro, incorporando dançarinos de todos os matizes — até os do metrô e os mais exóticos — girando em dois postes.

Com formação em balé e teatro experimental, Gerard & Kelly migraram de locais de dança para o mundo da arte contemporânea em busca de audiências maiores, novos patronos e o apoio intelectual de curadores, uma mudança que dezenas de artistas também estão fazendo.

Museus de arte envolvem-se em performance ao vivo desde a década de 60, e "o espaço mudou", disse o coreógrafo Ralph Lemon, cujo trabalho recente mistura teatro e instalação artística. "Sem aviso prévio, museus estão oferecendo agora espaços para performances que vão além dos jardins, porões e corredores."

A mudança na interseção da arte visual e da performance veio em 2010, quando Marina Abramovic se apresentou no Museu de Arte Moderna (MoMA) para 560.000 pessoas.

A tendência está provando ser uma maneira de atrair visitantes. "A performance ao vivo incentiva o público a frequentar mais o espaço", disse Sam Miller, presidente do Conselho Cultural de Lower Manhattan. "Isso faz sentido se quisermos uma resposta maior ao que os artistas estão fazendo hoje e um público mais diversificado."

Porém, alguns se perguntam se esse tipo de espetáculo não é uma forma barata e rápida para despertar o interesse. Qual é o salário de um bailarino em comparação aos custos crescentes do seguro e do transporte de obras de arte?

Mesmo assim, o novo Museu Whitney, no centro de Manhattan, projetado por Renzo Piano, terá seu teatro. Vai haver uma pista de dança suspensa e assentos retráteis no terceiro andar e uma galeria multimídia no quinto. Todas as galerias terão piso de madeira sobre suportes de neoprene para proteger os pés dos artistas.

No MoMA, que está em expansão, "as performances irão impactar os espaços que estamos projetando", disse Stuart Comer, curador-chefe do Departamento de Mídia e Arte Performática.

"Um bom número de museus realmente percebe a dança e pensa em como essa forma de arte, que até agora tem sido principalmente apresentada em teatros, enquanto entretenimento, pode ser integrada à história da arte", disse Philip Bither, curador de Artes Cênicas do Walker Art Center, em Minneapolis.

Muitos problemas vêm ocorrendo quando museus oferecem aos artistas a possibilidade de ter seu trabalho visto dentro do cânone da arte moderna. "Você ouve muitos coreógrafos frustrados dizendo: 'Chego na galeria e ninguém quer saber se preciso de água ou de um lugar para me trocar' — coisas que só um produtor teatral saberia", disse Bither.

Brian Rogers, diretor artístico da Chocolate Factory, espaço de artes cênicas em Long Island, é cético, e recorda-se que, na década de 60, apresentações de dança de Yvonne Rainer e Trisha Brown no Whitney ajudaram a inaugurar uma nova era, mas saíram de moda, em parte devido à dificuldade de colecionar esse tipo de trabalho.O processo de "adquirir" um trabalho efêmero de performance é algo que museus e artistas estão ainda negociando. O Museu Guggenheim, em Nova York, adquiriu o "Timelining" de Gerard & Kelly, projetado para casais em uma variedade de relações íntimas, que será mostrado na rotunda entre junho e setembro. Os artistas criaram diretrizes para sua apresentação, incluindo seu pagamento.

"O museu tem um certificado de autenticidade como fariam com uma obra de Sol LeWitt", disse Gerard.

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