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Se movimentos como a Frente Nacional de Salvação da Líbia (FNSL), um dos mais tradicionais grupos de oposição a Muamar Kadafi, veem a queda do ditador como favas contadas, há o temor de que o coronel deixe um rastro de destruição em sua saída. É o que explica Mohamed Ali Abdullah, vice-presidente da FNSL, e que há 29 anos vive no exílio.

Como a FNSL recebeu o pronunciamento de Kadafi?

Foi o discurso de um homem tentando se agarrar desesperadamente ao poder. Não temos dúvida de que Kadafi está sendo empurrado para o abismo, mas temos muito medo de como ele pretende sair. Vê-lo esbravejando alucinadamente contra tudo e todos sugere que uma retaliação violenta está a caminho. Algo ainda pior do que vimos até agora.

Não se teme que mais repressão espante os manifestantes contrários ao regime?

Kadafi está encurralado em Trípoli, de acordo com as informações que recebemos o tempo todo de nossos contatos. Estimamos que pelo menos 75% do país já tenham sido tomados das forças opositoras e que a capital seja agora o último bastião do regime. Mas a resistência do coronel ainda pode ser brutal, e é por isso que precisamos de ações por parte da comunidade internacional. Mas que ninguém se engane: a queda de Kadafi já virou uma questão de dias.

Seria necessário, então, algo mais incisivo que a condenação geral por parte de líderes ocidentais?

Há um grande ressentimento do povo líbio com a comunidade internacional. Só agora, após sete dias e a morte de centenas de pessoas, o Conselho de Segurança da ONU resolveu se reunir.

Não há o risco de um vácuo de poder?

Preferimos acreditar no desejo do povo líbio de lançar as fundações para uma transição democrática. Claro que temos o desafio de basicamente construir a sociedade civil depois de Kadafi e de criar condições para o surgimento de instituições sólidas e resistentes a outras tentativas de golpe.

O que deve acontecer com Kadafi?

O justo e decente é que ele fosse preso e julgado por crimes contra a Humanidade, pois estamos falando de um homem cuja tirania não afetou apenas a Líbia. Ele patrocinou o terrorismo internacional na Europa. Mas o problema é que nesses 42 anos o coronel certamente juntou dinheiro suficiente para comprar asilo político em algum lugar.

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