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Apesar de a queda do Muro de Berlim ter sido o símbolo do enfraquecimento do poder da União Soviética, não pode ser entendida como um acontecimento isolado na Alemanha nem do ano 1989. Para o cientista social Hauke Brunkhorst, professor da Universidade de Flens­­burg, da Alemanha, foi um mo­­vimento de caráter global, que também alcançou a África do Sul, com o fim do apartheid, e a América do Sul, com a democratização de diversos países.

"Não foi um movimento do Leste Europeu e não foi também do Ocidente. Temos que entender 1989 como parte da história de transformação possibilitada por vários movimentos do século 20", diz. Ele esteve no Brasil na última semana de outubro para participar do debate sobre os 20 anos da queda do muro de Ber­­lim, realizado durante o 33.º Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG).

A principal transformação, segundo Brunkhorst, veio do Direito Internacional. "De 1945 até 1980 a União Soviética tentou restringir o Direito In­­ter­­na­­cional, interpretando as proclamações da Organização das Na­­ções Unidas (ONU) em uma ideia de coexistência e não de cooperação. Noções de igualdade, soberania eram entendidas como exclusivas do Estado soviético", diz. A pressão de organizações de direitos humanos foi grande e permanente para que a União Soviética passasse a cooperar com os tratados.

Os avanços alcançados em outras partes do mundo, como o movimento pelos direitos civis da década de 60, principalmente da comunidade negra, assim como o fortalecimento de entidades da sociedade civil, como organizações não-governamentais (ONGs), também ajudaram nesse movimento de pressão pe­­la abertura política do outro lado do muro.

Para Hauke, a queda do Muro de Berlim permitiu a abertura de espaço para uma sociedade global. "Hoje temos a globalização do mercado e do sistema político. Para os Estados, o perigo são os mercados desregulamentados que provocam crises, como a do ano passado, algo não muito conveniente para o capitalismo global", disse.

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