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José Brito se identifica como opositor a Nicolás Maduro, mas o ajuda com medidas como o pedido de liminar (acatado pelo Supremo) para que fossem suspensas as primárias do principal grupo de oposição da Venezuela
José Brito se identifica como opositor a Nicolás Maduro, mas o ajuda com medidas como o pedido de liminar (acatado pelo Supremo) para que fossem suspensas as primárias do principal grupo de oposição da Venezuela| Foto: EFE/Miguel Gutiérrez

No final de outubro, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, aparelhado pelo chavismo, suspendeu todo o processo das primárias da oposição, nas quais a ex-deputada María Corina Machado havia sido escolhida dias antes para disputar a eleição presidencial de 2024, num provável embate com o ditador Nicolás Maduro.

O pedido de liminar para que o processo fosse suspenso, sob alegação de supostas “irregularidades”, foi apresentado pelo deputado nacional José Brito. O parlamentar se identifica como opositor a Maduro, mas critica a principal coligação antichavista, cujas primárias Machado venceu. Na prática, Brito apenas ajuda o ditador venezuelano a enterrar de vez a democracia no país.

Em 2013, ele disputou a eleição para a prefeitura de Simón Rodríguez com o apoio da coligação antichavista Mesa da Unidade Democrática, mas perdeu para o candidato do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), legenda de Maduro. Brito depois integrou o partido Primeiro Justiça, do líder oposicionista Henrique Capriles.

Entretanto, nos últimos anos, a máscara do deputado caiu e sua posição de braço auxiliar do chavismo ficou clara.

Em 2019, a direção nacional do Primeiro Justiça expulsou Brito e outros dois deputados porque eles participaram de um esquema para encerrar investigações contra empresários envolvidos em corrupção no governo de Maduro, entre eles, o colombiano Alex Saab, suposto testa de ferro do ditador que foi preso em Cabo Verde em 2020 e extraditado para os Estados Unidos no ano seguinte.

Em 2020, uma decisão do TSJ colocou Brito como coordenador nacional do Primeiro Justiça, mas poucos meses depois a mesma corte anulou a medida.

No início de 2020, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos aplicou sanções contra Brito e outros seis agentes públicos venezuelanos que tentaram um golpe na Assembleia Nacional para destituir o opositor Juan Guaidó, então presidente da casa.

Em 2021, a União Europeia tomou a mesma medida contra Brito e outros 18 agentes públicos da Venezuela devido a fraudes nas eleições legislativas.

Este ano, antes de apresentar o pedido que levou à suspensão das primárias da oposição, Brito havia sido o responsável por fazer uma consulta junto à Controladoria-Geral da Venezuela que confirmou em junho que María Corina Machado está inabilitada para exercer cargos públicos durante 15 anos.

À época, Brito afirmou que “deve ser construída uma alternativa para uma mudança real, que deve ocorrer sob premissas de sinceridade e não de uma oferta enganosa”.

Após a decisão recente do Supremo de suspender as primárias da oposição, Brito voltou a criticar o grupo político de Machado.

“A Venezuela quer uma mudança, mas através de meios pacíficos, democráticos, eleitorais, constitucionais e não através de atalhos”, afirmou, em declarações publicadas pelo site da Assembleia Nacional.

“Existe uma liderança minoritária da oposição que pretende alimentar um desastre”, disse Brito, que citou que tal movimento é liderado por Leopoldo López e María Corina Machado, “que no seu fracasso e na sua luta de classes, querem levar o país a um confronto, o que não será permitido”.

Brito, que não participou das primárias oposicionistas suspensas pelo Supremo venezuelano, anunciou em agosto sua própria candidatura à presidência em 2024. Como Maduro demonstra com as perseguições ao grupo político de Machado, essa oposição de fachada é a única que o ditador admitirá no ano que vem.

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