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Vladimir Putin e Yevgeny Prigozhin em 2010, durante visita do líder russo à empresa de serviços de catering do oligarca que lidera grupo paramilitar
Vladimir Putin e Yevgeny Prigozhin em 2010, durante visita do líder russo à empresa de serviços de catering do oligarca que lidera grupo paramilitar| Foto: Wikimedia Commons

Esta semana, um dos personagens mais obscuros da história recente da Rússia se tornou notícia novamente devido à divulgação de um vídeo. Yevgeny Prigozhin, oligarca apoiador do presidente Vladimir Putin, aparece nas imagens tentando convencer presos de uma colônia penal a entrar no grupo mercenário Wagner Group para lutar na Ucrânia.

Ele disse que os que aceitarem ganharão a liberdade, porque “ninguém volta para trás das grades” depois de servir no grupo. “Se você cumprir seis meses [no Wagner Group], você está livre”, garantiu. “Porém, se você chegar à Ucrânia e decidir que [lutar na guerra] não é para você, nós o executaremos”, ameaçou Prigozhin, que acrescentou que “esta é uma guerra difícil, não chega nem perto da [guerra da] Chechênia e outras”.

Prigozhin nega publicamente ligações com o Wagner Group, que iniciou suas operações em 2014 e é acusado de crimes de guerra em conflitos na África, Síria e Ucrânia, mas o oligarca sempre foi amplamente reconhecido como o líder do grupo mercenário.

Prigozhin tem uma história de vida em que as relações com o Estado russo deram asas a suas ambições financeiras e de poder. Ele nasceu em Leningrado (hoje São Petersburgo) e em 1981, quando tinha apenas 20 anos, foi condenado à prisão por roubo, fraude e envolvimento numa rede de prostituição de menores.

Ficou nove anos detido e quando foi liberado, abriu uma rede de lanchonetes de cachorros-quentes com o padrasto. O empreendimento deu certo e Prigozhin começou a ampliar seus investimentos: uma rede de mercados, cassinos, restaurantes e um serviço de catering.

Nestes dois últimos negócios, começaram no início dos anos 2000 as relações com o atual presidente, que lhe renderam o apelido (dado pela imprensa americana) de “chef do Putin”: em seu restaurante flutuante, o líder russo passou a receber chefes de Estado como o então presidente francês Jacques Chirac e o americano George W. Bush.

Prigozhin obteve contratos para fornecer alimentação para escolas, repartições públicas e as forças armadas russas. Entretanto, suas relações com a gestão Putin vão muito além desses serviços.

O Wagner Group auxiliou os separatistas pró-Rússia do leste ucraniano a partir de 2014 e as forças do Kremlin na anexação da Crimeia, naquele ano, e faz o mesmo no conflito iniciado na Ucrânia no começo de 2022.

Na Síria, onde a Rússia apoia o ditador Bashar al-Assad na guerra civil, o Wagner Group, além de reforçar as tropas de Moscou, também recebe uma porcentagem dos lucros de plataformas de petróleo que o grupo protege.

O oligarca está por trás da Agência de Pesquisa da Internet (IRA, na sigla em inglês), popularmente conhecida como a Fábrica de Trolls de São Petersburgo e que articularia ações de ciberguerra para desestabilizar governos e processos eleitorais no Ocidente.

O FBI, a polícia federal americana, colocou o oligarca na sua lista de procurados e oferece uma recompensa de até US$ 250 mil por informações que possam levar à prisão dele, decretada em 2018 pelo Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito de Columbia.

“Prigozhin foi o principal financiador da Agência de Pesquisa da Internet (IRA), com sede em São Petersburgo. Ele supostamente supervisionou e aprovou suas operações de interferência política e eleitoral nos Estados Unidos, que incluíram a compra de espaço em servidores americanos, a criação de centenas de personas online fictícias e o uso de identidades roubadas de pessoas dos Estados Unidos”, destacou o FBI.

“Essas ações foram supostamente tomadas para atingir um número significativo de americanos com o objetivo de interferir no sistema político dos Estados Unidos, incluindo as eleições presidenciais de 2016”, apontou a polícia federal americana.

Em declarações publicadas pela agência de notícias estatal russa Ria Novosti quando sua prisão foi decretada, Prigozhin foi irônico e disse que “os americanos são pessoas muito impressionáveis: eles veem o que querem ver”.

“Tenho muito respeito por eles. Não estou nem um pouco chateado por ter aparecido nessa lista. Se eles querem ver o diabo, deixe que eles vejam”, afirmou o oligarca.

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