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Durante manifestação, cartaz pede o fim dos sequestros de jovens cristãs na Nigéria por grupo muçulmano. O país vive uma intensa crise política e religiosa | Akintunde Akinleye/Reuters
Durante manifestação, cartaz pede o fim dos sequestros de jovens cristãs na Nigéria por grupo muçulmano. O país vive uma intensa crise política e religiosa| Foto: Akintunde Akinleye/Reuters

Reação

Nações Unidas pedem resposta internacional à violação de direitos

A Organização das Nações Uni­das (ONU) demandou ontem à comunidade internacional uma resposta "urgente" ao sequestro de mais de 200 meninas na Nigéria e pediu para que medidas sejam tomadas para evitar que se repita a tragédia. "Temos a responsabilidade de apoiar os pais, o povo e o governo da Nigéria e devolver estas meninas a salvo", declararam em mensagem conjunta a diretora-executiva de ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, e o diretor do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Babatunde Osotimehin.

Para eles, uma violação dos direitos do menor desta proporção requer "que todo o mundo se levante e tome medidas".

"Estamos em uma corrida contra o tempo e cada minuto conta. Precisamos que o governo da Nigéria atue rápido e precisamos do apoio do mundo", assinalaram.Por enquanto, as autoridades do país não sabem onde as meninas estão. Ao mesmo tempo, surgem rumores de abusos por parte dos sequestradores. Uma das meninas raptadas conseguiu escapar e relatou que as reféns mais jovens sofriam até 15 estupros por dia.

O líder extremista islâmico que comandou o sequestro em massa de centenas de adolescentes no nordeste da Nigéria, Abubakar Shekau, apareceu em um vídeo ameaçando vender as garotas em um mercado. A gravação foi divulgada pelo grupo Boko Haram ontem às agências de notícias internacionais.

"Elas são escravas e eu vou vendê-las, porque eu tenho mercado para vendê-las", disse Shekau no vídeo, gravado na língua hauçá, falada no norte da Nigéria, fazendo uma referência ao antigo costume jihadista de escravizar mulheres capturadas em uma guerra religiosa.

Não ficou claro se o vídeo foi feito antes ou depois que surgiram relatos que algumas das meninas foram forçadas a se casar com seus sequestradores – que teriam pago cerca de US$ 12 para fazer cada um dos casamentos. Essas denúncias foram feitas na semana passada por ONGs de direitos humanos que atuam no país e ainda não foram confirmadas pelas autoridades.

No mesmo vídeo, Shekau assumiu a responsabilidade pelo sequestro, que ocorreu em 15 de abril, e ameaçou atacar mais escolas e raptar outras garotas. Das mais de 300 garotas sequestradas, 276 permanecem em cativeiro e 53 conseguiram escapar.

Ontem, um intermediário, que havia dito que o Boko Haram está pronto para negociar o regaste das meninas, também afirmou que duas das meninas morreram de picada de cobra e cerca de 20 delas estão doentes. O homem, um estudioso islâmico que falou sob a condição de anonimato, disse que as garotas cristãs foram forçadas a se converterem ao islamismo.

O sequestro em massa e o fracasso dos militares para resgatar as adolescentes despertou indignação nacional com protestos nas principais cidades contra o governo. Os manifestantes acusam o presidente Goodluck Jonathan de ser insensível ao sofrimento das garotas e das suas famílias.

Líder dos protestos foi detida por ordem de primeira-dama

A líder dos protestos contra o sequestro das meninas na Nigéria, Naomi Mutah, foi presa na noite de domingo. Segundo ativistas, a primeira-dama do país, Patience Jonathan, teria dado a ordem de detenção. Naomi, que não é mãe de nenhuma das sequestradas, foi ao evento com Saratu Angus Ndirpaya, outra ativista que participa dos protestos. Segundo Saratu, agentes do Serviço Secreto nigeriano levaram as duas a uma delegacia após a reunião. Ela diz ter sido liberada logo em seguida, mas que Mutah continuou presa. A ativista diz que a primeira-dama teria se sentido insultada por não ter recebido nenhuma mãe das vítimas. Naomi e Saratu são as principais organizadoras de protestos em Abuja contra a falta de ação do governo no caso.

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