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Quito – O "sim" para instalar uma Assembléia Constituinte no Equador vai ganhar com 78,1% frente a 11,5% do "não", segundo uma pesquisa de boca-de-urna da empresa Cedatos. Os dados foram divulgados pouco antes das 19 horas (horário de Brasília), minutos antes de as mesas eleitorais serem fechadas. De acordo com a Cedatos os votos nulos chegaram a 7,1% e os brancos a 3,3%. O presidente do Equador, Rafael Correa, reunido com seus colaboradores em um hotel da cidade de Guayaquil, recebeu com otimismo a notícia e a televisão o mostrou no momento em que aplaudia os resultados e abraçava a secretária de Comunicação, Mónica Chuji.

O presidente Rafael Correa, que está completando três meses no poder, considerou ontem como vitória cidadã a realização do plebiscito para a instauração de uma Assembléia Constituinte que definirá o destino de seu plano socialista, e afirmou que "resolverá democraticamente" o confronto político no Equador.

"É um dia de festa nacional, uma vitória para democracia", afirmou o presidente antes de depositar seu voto num colégio do norte de Quito. Correa afirma-se como adversário da política americana e do neoliberalismo, a exemplo do amigo, o chefe de Estado venezuelano Hugo Chávez.

Orador amado

Cristão de esquerda formado pelos salesianos, este professor de Economia de 43 anos estudou na Bélgica e nos Estados Unidos, não tendo o hábito de controlar suas palavras, tomando como alvo predileto o presidente americano George W. Bush. "Chamar Bush de diabo é insultar o diabo porque este é ruim, mas pelo menos é inteligente", afirmou durante a campanha eleitoral como jovem candidato populista de esquerda – um orador amado pela multidão. No entanto, entre o primeiro e o segundo turno eleitoral, depois da vitória inicial do adversário de direita Alvaro Noboa, Correa teve de atenuar o discurso.

Para se defender das acusações de "comunista e terrorista", ele recentemente se deixou fotografar beijando a embaixatriz americana em Quito e declarou que romperia com Chavez se este interviesse nas questões internas do Equador.

"Sou humanista, cristão, de esquerda. Humanista porque, para mim, a política e a economia estão a serviço do homem. Cristão porque me alimento da doutrina social da igreja. De esquerda porque acredito na igualdade, na justiça e na supremacia do trabalho sobre o capital", declarou em entrevista recente.

Correa quer "ultrapassar as mensagens do neoliberalismo" e exorta os equatorianos a "descobrirem o que se chama na América Latina o socialismo século 21", uma fórmula tomada emprestada a Hugo Chavez, comentam analistas. Ministro do governo em 2005, ele chegou a ser afastado por suas ligações com o presidente da Venezuela, com quem compartilha a denúncia do imperialismo americano. Em seu programa de governo, Rafael Correa expõs sobretudo a intenção de romper com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), que contribuem para o "subdesenvolvimento" do país.

Antes do primeiro turno, chegou a afirmar que renegociaria os contratos com as grandes companhias petrolíferas que operam no Equador, quinto produtor da América Latina, com 543 mil barris de petróleo por dia.

Depois de eleito, o presidente do Equador sujeitou recentemente sua permanência no poder a uma vitória no plebiscito para instalar no país uma Constituinte, impôs em três meses seu próprio estilo de governo, caracterizado por elementos como carisma, confrontação e mudança.

A velocidade com que realiza seus planos é evidente: Uma dezena de decretos de emergência assinados para liberar recursos em todos os setores, diversos projetos em marcha, reorganização de ministérios e a aprovação de uma consulta popular em três meses.

Apoiado em seu carisma, Correa também conseguiu prolongar a lua-de-mel com o eleitorado. Sua popularidade alcança índice de 70%, segundo várias pesquisas.

Sem incidentes

O dia de votação transcorreu com normalidade, segundo o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), Jorge Acosta, e sem notícias sobre grandes incidentes. Os mais freqüentes aconteceram por causa do atraso na instalação de muitas mesas de votação em todo o país, devido à ausência dos responsáveis pelas juntas eleitorais, que foram substituídos pelos primeiros cidadãos que apareceram para votar.

Um total de 9.188.884 equatorianos foi convocado a se pronunciar na consulta estimulada pelo presidente equatoriano, votando em 36.873 juntas eleitorais nas 22 províncias do país.

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