A pedido da Assembleia Nacional, que suspendeu a retomada de suas atividades ontem alegando "falta de garantias" para legislar, o presidente do Equador, Rafael Correa, decidiu prolongar o estado de exceção no país até sexta-feira. A medida ocorre dias após a rebelião que deixou ao menos oito mortos e trouxe o caos ao país.A atividade dos parlamentares está suspensa desde a última quinta-feira, quando um grupo de policiais se insubordinou em protesto a um corte de benefícios econômicos e lançou o país no caos por algumas horas, chegando a colocar em risco a vida do próprio presidente.
A polícia retomou suas atividades, embora as Forças Armadas continuem patrulhando as ruas do país.
Estava previsto que a Assembleia iniciaria o debate sobre uma polêmica lei de finanças públicas, defendida pelo governo de Correa como imprescindível para favorecer a recuperação econômica do menor sócio da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Substituição
Além disso, militares estão a cargo da segurança da sede legislativa, no lugar da polícia, enquanto durar o estado de exceção. Isso porque, durante os protestos, a sede do Congresso equatoriano chegou a ser tomada por policiais revoltados com a ratificação de uma lei que altera o regime de promoções e bonificações.
"Por disposição da presidência da Assembleia Nacional solicito que o mais rápido possível se outorgue a segurança militar para a função legislativa, enquanto estiver em vigor o estado de exceção", disse o Congresso em uma carta enviada ao Ministério da Defesa.
Nas proximidades das instalações parlamentares, podiam-se ler em alguns muros críticas aos policiais rebeldes, tais como "policial traiçoeiro, teu trabalho é o primeiro" e "o policial é teu amigo?". Na última quinta-feira, o presidente ficou isolado em um hospital por quase 12 horas e só foi liberado no início da madrugada de sexta. Para levá-lo de volta ao palácio presidencial, o Exército do Equador e policiais rebelados entraram em confronto e houve troca de tiros.
EUA
O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, disse acreditar "firmemente" que os EUA não estiveram por trás dos protestos, como chegaram a afirmar os governos de Venezuela e Bolívia, mas que não estranharia se "grupos de poder" locais estiverem.
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