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Nova Iorque (EFE/Folhapress) – Uma reunião da Organização da Conferência Islâmica (OCI) na Arábia Saudita, em dezembro último, foi o ponto de partida para a reação do mundo islâmico às caricaturas do profeta Maomé, publicadas por um jornal da Dinamarca, informou ontem o jornal norte-americano The New York Times. No encontro realizado na cidade sagrada de Meca, líderes de 57 países muçulmanos discutiram o extremismo religioso, mas também as charges que foram posteriormente republicadas em vários veículos europeus em nome da liberdade de expressão, de acordo com o jornal dos EUA.

O comunicado oficial de encerramento do encontro de cúpula expressou a "preocupação com o crescente ódio contra o Islã e os muçulmanos e condenou o recente incidente de execração da imagem do sagrado profeta Muhammad na mídia de certos países". Os representantes das nações islâmicas também afirmaram que os veículos que publicaram as caricaturas usaram "a liberdade de expressão como um pretexto para difamar religiões".

A reunião de Meca ajudaria a explicar como os protestos, que em setembro estavam restritos a uma pequena comunidade muçulmana do norte da Europa, se espalharam por vários países com um intervalo de quatro meses. Segundo o The New York Times, a reunião da OCI teria retomado o assunto das charges, já então parcialmente esquecido, e incitado os ânimos dos muçulmanos.

Líbano

Em Beirute, no Líbano, cerca de 400 mil muçulmanos xiitas transformaram ontem uma cerimônia do calendário islâmico no maior protesto realizado até agora contra a publicação de charges do profeta Maomé. Mas, diferentemente do que vinha ocorrendo nos últimos dias, a manifestação foi pacífica. Desde a eclosão dos protestos, no início do mês,pelo menos 13 pessoas já morreram em tumultos, a maioria no Afeganistão. O protesto libanês foi convocado pelo grupo radical Hezbollah.

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, criticou ontem os meios de comunicação que seguem publicando as caricaturas de Maomé, em uma ação "insensível" e "provocativa" que só serve para alimentar a polêmica. "Honestamente, não entendo porquê os jornais continuam publicando as caricaturas. É insensível, é ofensivo e provocativo, e deveriam ver as conseqüências que tudo isto está tendo no mundo todo", disse Annan, em declarações à imprensa, em Nova Iorque. Esta postura não significa que esteja contra a liberdade de expressão e de imprensa, explicou, mas "a liberdade de expressão não é uma licença. Implica um exercício responsável e com julgamento. Honestamente, não posso entender a razão que move os editores a jogar mais lenha na fogueira".

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