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O conflito

História curda

Os curdos são uma etnia não-árabe, composta principalmente por muçulmanos sunitas. Falam uma língua indo-européia do ramo persa e habitam a região montanhosa entre as fronteiras do Iraque, Irã, Síria e Turquia. Atualmente, há cerca de 30 milhões de curdos no mundo. Metade dessa população vive na Turquia, principalmente no sudeste do país.

Reivindicação

Os curdos pressionam pela criação de um Estado. Irã, Iraque e Turquia têm resistido à reivindicação e as potências ocidentais não parecem ver motivos para incentivar o seu estabelecimento.

A luta

Em 1978 foi criado o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que pegou em armas contra a Turquia em 1984. Desde então, mais de 30 mil pessoas já morreram no conflito.

Norte do Iraque

Os curdos do norte do Iraque não tiveram mais êxito do que os curdos da Turquia. Sob controle britânico, revoltas curdas foram reprimidas em 1919, 1923 e 1932. Sob o mandato do ditador Saddam Russein, o curdistão iraquiano, no norte do país, obteve autonomia e vive mais de uma década de desenvolvimento econômico.

Ancara – Todos os indicadores apontavam ontem para o resfriamento das tensões na fronteira entre a Turquia e o Iraque, onde separatistas curdos e militares turcos entraram em confronto na madrugada de domingo, com um saldo de mais de 40 mortos.

Os rebeldes do PKK anunciaram um cessar-fogo unilateral. Porta-voz dos separatistas, Abdelrahman al Yaderyi, declarou que não haveria novos incidentes caso a Turquia também contivesse seus soldados.

O grupo, de orientação marxista e que reivindica um Estado curdo, foi pressionado pelo governo do Iraque, pouco interessado em permitir a intensificação do conflito na única região relativamente calma do país. O presidente Jalal Talabani, liderança histórica do Curdistão iraquiano, declarou que apelaria para que os separatistas cessassem toda violência.

Pressão dos EUA

As pressões também vieram dos Estados Unidos. "Não queremos a expansão de ações militares na fronteira norte (do Iraque)'', disse Tony Fratto, porta-voz da Casa Branca.

O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que a secretária Condoleezza Rice telefonou domingo ao presidente da região curda iraquiana, Massoud Barzani, exortando-o a fazer prevalecer o comedimento.

Rice também conversou com o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan. Disse que o problema não será resolvido se tropas da Turquia atravessarem a fronteira para destruir as bases do PKK no Iraque.

Na última quarta-feira o Parlamento de Ancara autorizou esse cenário, provocando entre os turcos um clima de exaltações patrióticas para uma resposta armada. De um mês para cá ataques do PKK já mataram cerca de 40 militares turcos.

A decisão parlamentar provocou uma mobilização de americanos e iraquianos, que, com os incidentes de domingo, voltaram a interceder para conter a expansão da crise.

A Turquia integra a Otan, aliança militar ocidental. Washington encampou a visão turca que vê no PKK um grupo terrorista. Já no Iraque os autonomistas são um partido legal, com representação parlamentar no Curdistão iraquiano. Bagdá está em melhor posição para pressionar os rebeldes.

Em Ancara, Erdogan disse ter alertado Rice sobre a necessidade de neutralizar rapidamente os autonomistas, e que ela pediu para que ele aguardasse "mais alguns dias'', sem especificar um plano concreto. Enquanto isso, em Bagdá, o embaixador americano, Ryan Crocker, pedia a intervenção do presidente Talabani.

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