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Com disparos de Kalashnikov, gritos e risadas, os rebeldes de Jabal Shahshabu, no centro da Síria, celebraram eufóricos nesta quarta-feira (18) a morte de várias autoridades do regime de Bashar al-Assad em um atentado suicida em Damasco.

"Allahu Akbar! (Deus é grande)", grita um combatente que diz se chamar Abu Hassan, ao ver, na emissora de televisão Al Arabiya, o anúncio sobre as vítimas de um ataque na capital síria, que incluem o ministro da Defesa, seu vice-ministro e o chefe da luta contra a revolução.

O rapaz, em torno dos seus 30 anos, se sente triunfante, apesar de não poder andar, já que sua perna foi atingida por tiros alguns meses atrás.

Nesta região íngreme, que reúne povos sunitas espalhados ao longo da encosta da montanha, ressoam os gritos e os tiros para o alto em sinal de alegria.

Os tiros param rapidamente com o fim da munição. As explosões regulares, consideravelmente próximas, fazem lembrar que as forças do governo bombardeiam incessantemente o local há duas semanas, com uma frequência ainda maior nos últimos dias.

Abu Sliman, um cabo que desertou no fim de 2011 porque "não suportava continuar atirando em civis" nas manifestações contra regime, abre um sorriso radiante e diz: "É maravilhoso! Esperávamos ajuda estrangeira, armas para libertar o país, e, no final, vamos conseguir sozinhos".

Desde domingo, os rebeldes e o Exército vêm protagonizando violentos embates em Damasco. As comunidades sunitas, historicamente refratárias ao poder central, e agora rodeadas por tanques e artilharia das forças governamentais, já veem Bashar al-Assad na sepultura.

No início da tarde, gritos de alegria voltam a ser ouvidos. No rádio dos rebeldes, o comandante de um grupo de combatentes anuncia que soldados de um posto de controle militar próximo a Khan Sheikoun desertaram. A cidade, de 50.000 habitantes, está situada a 20 km do local onde há dois meses são vistos intensos confrontos.

"Há pelo menos cinco tanques, cinquenta soldados, metralhadoras pesadas, foguetes antitanque, fuzis, fuzis com mira telescópica, kalashnikovs, munições", enumera extasiado Abu Hashem, de 28 anos, com seu rádio, do qual não param de emanar gritos de alegria.

"Se Deus quiser, o regime cairá. Vai nos bombardear com tudo o que tiver, isso é certo, vai matar ainda mais do que antes, mas conseguiremos", acrescenta o jovem insurgente de barba longa e escura.

Em geral, os rebeldes dispõem apenas de armamento leve e de poucas munições para enfrentar os tanques e helicópteros das forças governamentais. Em uma viagem de uma semana pela Síria, a AFP viu apenas duas camionetes com metralhadoras pesadas nas mãos dos rebeldes.

Menos de uma hora mais tarde, a rádio volta a dar boas notícias.

Os combatentes, reunidos em uma casa para se protegerem do sol, escutam atentos. "Allahu Akbar, Allahu Akbar!", grita um locutor, que anuncia que um segundo ponto militar, também perto de Khan Sheikhoun, se rendeu aos rebeldes. "Dez tanques! Há dez tanques!", exclama Abu Amar, um comandante de Jabal Shahshabu, que assegura ter 1.200 homens às suas ordens.

Passada a euforia, os homens formam uma fila, abaixam a cabeça e se ajoelham. É a hora da oração.

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