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O futuro da Argentina

Recoleta, um reduto anti-Kirchner

Maioria da população de bairro tradicional da elite portenha votará em Elisa Carrió para barrar Cristina

Buenos Aires – No tradicional café Nucha, em frente da Praça Vicente López, na Recoleta, um grupo de sete mulheres de meia-idade e muito bem vestidas explica porque não votará em Cristina Kirchner. As razões divergem: "É mentirosa", "é populista", "é feia", "é peronista" e "é corrupta". A maior parte delas votará hoje em "Lilita Carrió" – não porque simpatizam com a segunda colocada nas pesquisas, mas porque é a candidata que possui maiores chances de evitar a vitória de Cristina no primeiro turno. Numa outra mesa, um senhor diz: "Qualquer governo que não seja o oficialismo seria melhor que o de Cristina, mas infelizmente ela vai ganhar porque o povo é ignorante". Bairro da aristocracia portenha, a Recoleta é um reduto anti-Kirchner.

O advogado Luis Molina, 66 anos, também morador do bairro, engrossa o grupo dos que votarão em Elisa Carrió para tentar escapar de um governo de Cristina. "A Lilita é a única que pode competir com os Kirchner." E qual o problema com os Kirchner? "Eles são muito próximos da política venezuelana, isso não é bom", responde Molina.

"Oligarcas"

Para o taxista Juan Hernández, que trabalha num ponto do bairro, os moradores da Recoleta são "oligarcas antiperonistas detentores do petróleo nacional – a soja – e que têm medo do governo da Cristina, porque ela vai favorecer os mais pobres." A empresária Suzana Díaz é possivelmente uma dessas oligarcas a que se refere Hernández. Ela passeava com o cachorro na manhã da última sexta-feira nas ruas do bairro. "O povo só está com a Cristina porque ela está distribuindo dinheiro pra eles". Segundo ela, as pessoas no interior das províncias (estados) estão ganhando dinheiro para ir votar e carros estão sendo contratados pelo governo para levarem os eleitores aos pontos de votação. "Claro que nada disso é de graça, querem o voto neles", diz a empresária.

É no cemitério da Recoleta que está enterrado o corpo de Evita Perón – musa inspiradora, embora às vezes ela negue, de Cristina Kirchner. Se dependesse dos moradores em torno do cemitério, o futuro político de Cristina seria velado hoje mesmo.

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