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A decisão dos EUA de apoiar a candidatura da Índia a um as­­sento permanente no Conse­­lho de Segurança é um balde de água fria ou uma grande oportunidade para o Brasil?

Certamente não é um balde de água fria. Obama aproveitou sua viagem à Índia para oferecer a Nova Délhi algo que ela demanda há anos. Mas essa decisão também indica uma reorientação aos EUA, que passam a reconhecer pretensões de emer­­gentes em relação ao Conselho de Segurança. Ao dar força à aspiração indiana – mesmo sem falar em "quando" ou "como" –, o presidente Barack Obama coloca a reforma da ONU de volta na agenda. Trata-se de uma abertura e, portanto, é altamente positivo para o Brasil.

Obama disse ontem que a Índia "não é um país emer­­gente, mas um país que já emergiu". Em qual dessas duas categorias os EUA en­­quadram o Brasil? Temos o status dos indianos?

A viagem de Obama indica o grande interesse americano em fortalecer a Índia. Isso vem do presidente George W. Bush, que assinou com Nova Dé­­lhi – que não é signatária do Trata­­do de Não Proliferação Nuclear – um ambicioso acordo atômico. A preo­­cupação é criar um equilíbrio de poder na região diante da China. Ou seja, a Índia tem uma grande impor­­tância geopolítica para os EUA - o que não é bem o caso do Brasil. Há centenas de milhares de eleitores americanos de origem indiana e isso cria uma interdependência social entre EUA e Índia que o Brasil tam­­pouco tem. Além disso, a Índia é uma potência nuclear. Evito dizer que a Índia está em outra liga do que o Brasil. Mas, da perspectiva dos EUA, o paralelo com o Brasil é a Turquia.

Relatórios de inteligência dos EUA costumam colocar o Brasil não ao lado de Índia e Rússia, mas de países como Indonésia e África do Sul. Qual é a percepção de Obama em relação ao Brasil?

Com Obama, a relação EUA-Brasil atravessou turbulências: Honduras, Irã, Rodada Doha, negociação do clima em Copenhague, bases na Colômbia. Esses exemplos mostram que uma parceria não é natural, ela deve ser construída. Agora, com a eleição no Brasil, há uma oportu­­ni­­dade de diálogo com os EUA, justa­­mente sobre temas como reforma da ONU. O Brasil é visto como um grande parceiro potencial tanto em temas globais, como meio ambi­­ente e comércio, quanto em temas regionais, como democracia e combate à pobreza.

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