• Carregando...
Campo de refugiados usbeques em Yorkishlak: denúncia de incêndios criminosos, estupro e agressões contra minoria islâmica | Shamil Zhumatov/Reuters
Campo de refugiados usbeques em Yorkishlak: denúncia de incêndios criminosos, estupro e agressões contra minoria islâmica| Foto: Shamil Zhumatov/Reuters

Suspeita

Ataques teriam sido planejados

A Organização das Nações Unidas disse ontem que a onda de violência étnica que explodiu no Quirguistão pode ter sido premeditada. A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay, afirmou que a violência étnica parece ter sido "orquestrada, bem planejada e com um alvo" e fez um apelo urgente às autoridades quirguizes que tomem providências imediatas para acabar com as matanças. O porta-voz de Pillay em Genebra, Rupert Colville, disse que existem provas de que a violência contra os usbeques começou com cinco ataques simultâneos na semana passada, desfechados por homens que usavam máscaras de esquiadores.

"Pessoas muito bem armadas, que obviamente estavam bem preparadas para este conflito, atiraram em nós", disse Teymurat Yuldashev, de 26 anos, que está com feridas de tiros em um braço e no peito. "Eles estavam organizados, tinham armas, militantes e francoatiradores. Eles nos destruíram."

  • Veja onde fica o Quirguistão

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Ac­­nur) estima que 200 mil pessoas tenham fugido da violência étnica no Quirguistão desde quinta-feira. De acordo com o Comitê In­­ternacional da Cruz Vermelha, os mortos já chegam a "várias centenas", o que é contestado pe­­las autoridades do governo.

Um porta-voz da Cruz Ver­­me­­lha disse que não há dados precisos sobre o número de mortos nos distúrbios iniciados na quinta-feira passada, mas afirma: "Nós estamos falando de várias centenas" de pessoas mortas. Funcio­­ná­­rios da Organização das Nações Unidas (ONU) culparam gangues e bandos de homens mascarados pe­­los assassinatos, incêndios e ma­­tanças, que deixaram em ruínas a segunda maior cidade do Quir­­guistão, Osh.

Ontem, o Ministério de Situa­­ções de Emergência do Usbequis­­tão informou que 83 mil us­­be­­­­ques, que fugiram da região do conflito, entraram no país.

A parte sul do Quirguistão so­­fre com dias de violência contra a minoria usbeque, que deixaram a segunda maior cidade do país, Osh, em ruínas e forçam de­­zenas de milhares de usbeques a fugir para seu país de origem, vi­­zinho ao território quirguiz. Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde afirmava que o número oficial de mortos era de 179, com quase 1.900 feridos. Várias dezenas de milhares de refugiados já estão em 30 campos montados às pressas no Usbequistão.

Atingido pelo enorme fluxo de refugiados, o Usbequistão fe­­chou a fronteira nesta terça-feira, deixando milhares de pessoas acampadas do lado quirguiz ou então atrás das cercas de arame farpado, na "terra de ninguém" entre os dois países.

As Nações Unidas e a União Eu­­ropeia pediram que o Quir­­guis­­­­tão mantenha o calendário para um referendo constitucional e as eleições parlamentares. Um re­­presentante da ONU, Mi­­roslav Jenca, disse em visita a Bishkek que o referendo deste mês e as eleições parlamentares de outubro devem ocorrer, para que o país avance rumo à democracia. O embaixador alemão no Quir­­guistão, Holger Green, disse que esta também é a posição da UE.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]