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Ovelhas pastam perto de um outdoor eleitoral do presidente Yanukovich, “a esperança da Crimeia”, na estrada para Sevastopol | Baz Ratner/Reuters
Ovelhas pastam perto de um outdoor eleitoral do presidente Yanukovich, “a esperança da Crimeia”, na estrada para Sevastopol| Foto: Baz Ratner/Reuters

Deposto

Refugiado na Rússia, Yanukovich promete falar em público hoje

Além da instabilidade na Crimeia, a divulgação de uma nota de Yanukovich pode aumentar a tensão do governo interino com a Rússia. O presidente deposto marcou para hoje uma entrevista na cidade russa de Rostov-na-Donu, a 130 km da fronteira da Ucrânia. O presidente deposto é procurado pelo governo atual por ordenar a repressão policial a protestos da oposição, que terminaram com 82 mortos na semana passada. Ele também é acusado de enriquecimento ilícito e de evasão de divisas. A Suíça bloqueou as contas de Yanukovich, cujo saldo é estimado em US$ 500 milhões (R$ 1,16 bilhão). A riqueza do ex-presidente contrasta com a crise da Ucrânia. Ontem, o premiê interino Arseni Yatseniuk disse que o país precisará de US$ 75 bilhões (R$ 174 bilhões) e que metade desse valor desapareceu dos cofres públicos.

  • Multidão carrega uma bandeira russa gigante em manifestação pró-Rússia na Crimeia

A queda do governo local, a convocação de um referendo de independência e a invasão do prédio do Parlamento aumentaram ontem a tensão na Crimeia, região autônoma da Ucrânia.

O local se transformou no principal foco de conflito na Ucrânia desde a queda do presidente Viktor Yanukovich. Ele foi deposto no último sábado, após meses de protesto contra sua política de aproximação com a Rússia.

A maioria russa do território não reconhece o novo governo, que quer privilegiar as relações com a União Europeia em detrimento da Rússia.

Na madrugada de ontem, homens com lançadores de granada e fuzis invadiram o Parlamento e a sede do governo na capital da Crimeia, Simferopol. O grupo hasteou bandeiras russas e gritou mensagens a favor do país vizinho.

Segundo testemunhas, os invasores usavam fardas e roupas pretas e laranjas, cores símbolo da honra militar na Rússia. A ocupação foi apoiada por centenas de manifestantes, que veem o novo governo como fascista e desejam proteção russa.

Para a ala favorável à queda de Yanukovich, há soldados russos entre os invasores. O ex-líder do Legislativo da Crimeia Serhiy Kunitsyn, aliado do novo governo em Kiev, afirmou que os invasores pareciam treinados.

Já o líder da minoria muçulmana no Parlamento, Mustafa Jemilev, disse que, além de russos da base de Sebastopol, há também integrantes da Berkut, a tropa de choque de Yanukovich que foi dissolvida na quarta-feira.

Mesmo com o prédio ocupado, o Parlamento da Crimeia decidiu dissolver o gabinete do primeiro-ministro local, Anatoli Mohyliov, e convocou um referendo sobre a emancipação da região em 25 de maio, junto com a eleição presidencial ucraniana.

A invasão de prédios do governo foi criticada por autoridades ocidentais. Para o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, a ação foi "perigosa e irresponsável".

O ministro da Defesa ucraniano, Arsen Avakov, ordenou o cerco da polícia aos prédios.

A invasão ocorreu um dia após Moscou anunciar exercícios militares para a região de fronteira com a Ucrânia. Ontem, caças russos sobrevoaram a área limítrofe.

A ação foi condenada pelo presidente ucraniano, Oleksander Turchinov, que alertou a Rússia para que não intervenha na região. "Qualquer movimento militar e com armas perto da fronteira será visto como agressão", disse.

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